Aldeia Guarani terá escola estadual

A Tribuna - Santos - 3/11/2003

seg, 03/11/2003 - 9h52 | Do Portal do Governo

Da Sucursal de Mongaguá


Depois de quase uma década de espera, finalmente a aldeia guarani do Aguapeú, em Mongaguá, vai ganhar uma escola de Ensino Fundamental. Já houve um encontro entre a diretora de ensino da Região de São Vicente, Oneide Ferraz Alves, os engenheiros responsáveis e o cacique Karay Tataendu (Roberto Martins da Silva) para anunciar o início das obras.

Os trabalhos, que devem começar nos próximos dias e com prazo de conclusão em três meses, consistem na construção de uma sala que lembra uma oca, com capacidade para 40 alunos. As aulas serão serão ministradas a partir do ano letivo de 2004, em português e em guarani, e visam integrar o índio à cultura dos brancos, preservando, ao mesmo tempo, as tradições de seus ancestrais. A didática ficará a cargo de um indígena da própria aldeia, que concluiu um curso de um ano e meio fornecido pelo Governo do Estado.

O professor recebeu o diploma de conclusão do magistério na semana passada, no Palácio dos Bandeirantes, junto com outros dez índios do litoral.

‘‘Essa escola é muito importante para nós porque quando a gente vai para escola do branco somos maltratados. Eles chamam a gente de sujo, dizem que a gente é índio, tratam com preconceito. Dava ver-gonha’’, salienta Karay Tataendu, que a-bandonou os estudos seis meses após matricular-se em uma escola de Mongaguá.

Na avaliação do cacique, o aprendizado da Matemática, Geografia e História, adaptados à cultura guarani, vai facilitar o relacionamento com o homem branco, na medida em que os índios dependem do comércio de seu artesanato e da venda de sua produção de feijão, mandioca e milho para sobreviver.

O projeto prevê ainda a construção de uma cozinha, secretaria e de um espaço de convivência onde os nativos poderão promover encontros, dançar e rezar. O espaço a ser construído terá 400 metros quadrados e custará R$ 125 mil à Secretaria de Estado da Educação.

O prédio terá uma varanda em todo o seu entorno e será equipado com aparelhos de televisão e de vídeo, além de computador. A construção estará à cargo da empreiteira Ágil, de Itanhaém, que terá de improvisar uma balsa para levar o material de construção através do Rio Bichoró, que separa aldeia do bairro da Vila Operária.

‘‘Estamos cumprindo o que determina a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação’’, resume a diretora de ensino de São Vicente e Litoral Sul. ‘‘As matérias vão ter um enfoque diferenciado’’, completa Oneide.

Quarta no litoral

Os serviços já deveriam estar concluídos há dois anos, mas uma pendência com um posseiro que ocupava uma área dentro da aldeia retardou a construção da escola.

A unidade será a quarta a preservar a cultura indígena em aldeias do Litoral Sul. No início deste ano, foram inauguradas unidades escolares nas aldeias Piaçaguera, em Peruíbe, Itaóca, em Mongaguá, e Rio Branco, em Itanhaém. No total, cerca de 85 índios já frequentam as aulas.

Ainda este ano, o Governo do Estado deverá abrir a licitação visando construir mais uma escola indígena, dessa vez na aldeia do Bananal, em Peruíbe.