Alckmin receberá US$ 7,7 mi para mata ciliar

O Estado de S.Paulo - Segunda-feira, 20 de Junho de 2005

seg, 20/06/2005 - 10h28 | Do Portal do Governo

Doação do Banco Mundial vai para recuperação da vegetação no entorno de corpos d’água do Estado

Luiz Carlos Ramos

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai até Washington, no Estados Unidos, no dia 27 para receber uma doação de US$ 7,75 milhões do Banco Mundial (Bird) para o Projeto Estadual de Recuperação de Matas Ciliares nas Microbacias Hidrográficas de São Paulo.

Esse dinheiro, ligado ao Fundo Mundial do Meio Ambiente (GEF), será encaminhado progressivamente ao governo paulista e faz parte de um projeto de US$ 19,52 milhões para recuperar e preservar matas ciliares em rios, córregos e lagos do Estado até 2009. Alckmin viajará com o secretário do Meio Ambiente, José Goldemberg.

A doação foi anunciada no ano passado e já está aprovada pela direção do Banco Mundial. A assinatura do acordo será feita por Alckmin e pelo diretor do Bird para Projetos de Desenvolvimento Sustentável do Meio Ambiente na América Latina e no Caribe, John Redwood III.

Segundo Redwood, ‘o Estado de São Paulo tem-se revelado um excelente parceiro do Bird na tentativa de superar problemas do meio ambiente’. Maria Isabel Braga, gerente do projeto das microbacias por parte do Bird em Washington, explica que o governo paulista informa ao banco sobre esse trabalho: ‘Os resultados serão positivos e vão contribuir para combater erosões, melhorar a qualidade da água e ajudar a agricultura.’

O trabalho de recuperação vai começar nas microbacias Paraíba do Sul, Mogi-Guaçu, Aguapeí, Tietê-Jacaré e Piracicabava-Capivari-Jundiaí, mas a previsão é de que todo o Estado seja beneficiado. O técnico José Luiz Fontes, da Secretaria da Agricultura, órgão que apóia o projeto, afirma que o maior problema atualmente é a erosão, principalmente no sul e no oeste do Estado.

O governo paulista quer usar as matas ciliares reflorestadas para entrar no mercado de créditos de carbono, recurso previsto pelo Protocolo de Kyoto, acordo internacional que entrou em vigor em fevereiro e do qual o Brasil faz parte. Projetos de pequena escala, de reflorestamento e conservação contam pontos dentro do mecanismo.

A Secretaria do Meio Ambiente deseja usar o carbono como compensador econômico para incentivar a expansão e o reflorestamento das matas nativas no entorno de corpos d água, como rios e lagos. A intenção é chamar a participação de prefeituras, empresas, produtores rurais e ONGs.

Em Assis, a engenheira química Wilma Espinosa coordena o laboratório da Fundação de Ensino Municipal de Assis (Fema) e busca recursos financeiros do Fundo Estadual de Recursos Hídricos para monitorar a qualidade da água na Bacia do Médio Paranapanema. ‘A preservação das nascentes e das matas ciliares é fundamental para garantir a qualidade da água’, afirma. É importante levantar os pontos de contaminação por esgotos e agrotóxicos e buscar a recuperação.’

Para o geógrafo Daniel Huertas, ‘todos os projetos de recomposição da mata ciliar são positivos’. Segundo ele, as microbacias do Estado de São Paulo estão ‘bem esgarçadas’. Ele lembra que a mata ciliar é essencial para evitar que a erosão das margens cause o assoreamento dos cursos d’água.