Um ano depois do Fórum Regional, governador inibe críticas de prefeitos com anúncio de obras de saneamento e investimentos na segurança
Fábio Zambeli, editor de Política
Um ano depois de compilar as principais reivindicações de políticos e entidades civis no Fórum Regional realizado em São José dos Campos, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anuncia esta semana um pacote de obras orçado em R$ 250 milhões para o Vale do Paraíba.
A versão tucana do ‘governo itinerante’ traçou em março de 2003 um diagnóstico das prioridades de investimentos para a região –berço político do titular do Palácio dos Bandeirantes, que é nascido em Pindamonhangaba.
Ancorado na radiografia captada no evento, Alckmin revelou, em entrevista exclusiva concedida ao ValeParaibano, que abrirá os cofres do Estado para cumprir três de suas promessas de campanha e deter um princípio de motim no Codivap (Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba). A entidade se transformou em balcão de queixas de prefeitos contra o governo estadual em suas duas últimas reuniões.
A primeira e mais aguardada medida do pacotaço de Alckmin é a materialização de um sonho de mais de 30 anos: a desapropriação do Hosic (Hospital Santa Isabel de Clínicas), de Taubaté, por R$ 20,8 milhões, para a montagem do primeiro hospital público do Vale.
O governador assinou na sexta-feira o decreto liberando os recursos para a compra da unidade –atualmente gerenciada pela Irmandade de Misercórdia– e o Estado assumirá o prédio nos próximos dias para transformá-lo no Hospital Regional.
‘Nós estamos comprando o Hosic, vamos transformá-lo em hospital regional público e integrá-lo com o Hospital Universitário. Vamos ter a agilidade que hoje nós temos nos hospitais novos, que é a parceria com as entidades sociais. A parceria no caso deve ser com o Hospital Bandeirantes, e aí nós vamos investir no hospital. Reforma, ampliação, equipamentos’, disse o tucano, que vai anunciar oficialmente o conjunto de projetos durante visita ao Vale nos próximos dias 26 e 27.
MUTIRÃO – A segunda frente do pacote é a que consome mais recursos: R$ 180 milhões em um mutirão que pretende dotar as duas principais cidades do Vale – São José e Taubaté, ambas administradas pelo PSDB – de uma rede de esgoto tratado próxima de 80%.
São estações de tratamento e coletores-tronco que produzirão efeito direto na despoluição do rio Paraíba, uma das bandeiras históricas da região.
‘Isso vai ajudar muito o Paraíba. Parte dos recursos será da Caixa Econômica Federal e outra parte da Sabesp, do Estado. Hoje a maior fonte de poluição do Paraíba é esgoto sanitário’, disse o governador.
A terceira fatia do bolo de investimentos contempla a segurança pública, foco de recorrentes críticas em sua gestão.
No ano em que o PSDB tentará manter a hegemonia conquistada na região, onde controla 20 prefeituras, Alckmin vai injetar R$ 10 milhões no aparelhamento das Polícias Civil e Miltar. A principal ‘vedete’ do plano anticrime é o helicóptero Águia, que passará a monitorar o Vale a partir de sexta-feira.
‘Temos números importantes, que apontam a redução da criminalidade na região. Foi um salto importante. Foi um esforço. Você põe 10 mil policiais a mais na rua, você tem efeito, você prende criminosos. Isso tudo tem resultado.’
Embora seja considerada a mais premente demanda de infra-estrutura viária na região, a duplicação da Rodovia dos Tamoios em seu trecho de planalto, cobrada durante o Fórum Regional, ainda é objeto de estudo, de acordo com Alckmin.
Ele agora tenta formatar um modelo de concessão para o Sistema Ayrton Senna-Carvalho Pinto-Dom Pedro que financiaria as obras de ampliação do mais importante acesso do Vale ao Litoral Norte.
Ao naco reservado para a região no pacotaço tucano, somam-se outros R$ 40 milhões em repasses e aplicações em projetos habitacionais, educacionais e de infra-estrutura urbana nas 39 cidades do Vale.
