Alckmin fará piscinão no ABC

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

qua, 08/12/2004 - 10h03 | Do Portal do Governo

Será o 14º reservatório na região; anúncio foi feito à tarde, depois de visita a locais inundados anteontem

Amanda Romanelli
Fábio Fleury

Um dia depois de as chuvas terem causado a maior enchente do ano no ABC e transformado a Via Anchieta num rio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou ontem a construção de um piscinão em São Bernardo. O reservatório, na Avenida do Taboão, fica próximo do km 13 da Anchieta, ponto alagado com o transbordamento do Ribeirão dos Couros. Além disso, a Secretaria dos Transportes pretende negociar com a concessionária Ecovias a realização de obras para aumentar a altura das pistas centrais da Anchieta, outro meio de evitar inundações.

O edital de licitação do piscinão será publicado em dez dias e o governo espera que as obras comecem em março. Orçado em R$ 18 milhões, o reservatório, com capacidade de contenção de 400 mil metros cúbicos, deve ficar pronto em dez meses.

Na semana passada, Alckmin esteve em Brasília e pediu à bancada paulista na Câmara que apresente emendas ao Orçamento da União destinando R$ 78 milhões para cinco piscinões, entre eles o anunciado ontem. O governador queria que a União bancasse 50% do custo das obras, mas depois da enchente de anteontem, decidiu iniciar o projeto do reservatório da Avenida Taboão só com verbas estaduais.

O Estado, por meio do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), já construiu 13 piscinões no ABC. Além do projeto anunciado ontem, outros dois reservatórios serão entregues na Bacia do Tamanduateí no início de 2005. O Mercedes Paulicéia, em São Bernardo, estará pronto em janeiro, com capacidade para 360 mil metros cúbicos. O outro, a ser entregue em fevereiro, fica na Avenida Guido Aliberti, na divisa da capital e São Caetano, e vai conter as águas do Ribeirão dos Meninos, que também transbordou anteontem.

Alckmin visitou o ABC ontem pela manhã. Disse que, apesar de incompleto, o Mercedes Paulicéia teve papel importante durante o temporal de anteontem. ‘Se não fosse esse piscinão a enchente seria ainda mais grave, porque ele enche mesmo sem estar pronto. Com certeza, reteve entre 250 e 300 mil metros cúbicos’, calculou. Alckmin também visitou o ponto da rodovia inundado anteontem. E defendeu mudanças nas duas pistas centrais da Via Anchieta para evitar outras inundações. ‘Por ser de uma construção antiga, da década de 50, elas estão 3 metros abaixo do nível do ribeirão. Isso explica porque as Marginais, mais recentes, não sofreram inundação’, disse.

Mas a falta de colaboração entre os municípios da região tem agravado os problemas com as cheias. Na visita ao ABC, Alckmin foi acompanhado pelos prefeitos das cidades atingidas. William Dib (PSB), reeleito em São Bernardo, fez críticas à vizinha São Caetano, que não teria contribuído para solucionar o problema na Via Anchieta. ‘A obra para elevação da pista já foi licitada há muito tempo, antes mesmo de a estrada passar por concessão, mas São Caetano sempre a embargou na Justiça, porque a água que deixaria de ser retida pela Anchieta iria parar no Ribeirão dos Meninos.’

Com a construção do piscinão do Taboão, o governo do Estado espera diminuir o volume de água que desce pelo Ribeirão dos Couros. Desse modo, Alckmin imagina que a obra na Anchieta poderá seguir em frente, sem risco de provocar enchentes em São Caetano. ‘O novo reservatório, que será construído próximo ao Ribeirão dos Couros, em São Bernardo, vai atenuar o fluxo que desce até o Ribeirão dos Meninos. Com isso, o problema das enchentes deverá ser controlado tanto em São Caetano quanto no km 13 da Anchieta’.

‘Nosso maior problema, atualmente, são as pontes que passam sobre o Ribeirão dos Meninos’, disse o prefeito em exercício de São Caetano, Sílvio Torres. ‘Elas são antigas, represam o fluxo do ribeirão e foram sendo reformadas no sentido errado, da cabeceira para a confluência com o Rio Tamanduateí.’

O dia seguinte à enchente foi dedicado à limpeza em São Caetano. Moradores de bairros como Vila São José, Prosperidade e Jardim São Caetano disseram ter sido pegos de surpresa pela velocidade com que a água encheu a Guido Aliberti. ‘Mal tive tempo de pegar o meu carro e levá-lo para um local mais alto’, contou o comerciante Sérgio Gonçalves da Costa.

Ontem não choveu no ABC. E, na capital, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) registrou apenas chuvas moderadas.