Alckmin diz que policiamento ainda é prioridade

O Estado de S. Paulo - 8/5/2002

qua, 08/05/2002 - 10h30 | Do Portal do Governo

Em entrevista à ‘Rádio Eldorado’, governador lembrou que só carros e armas não dão segurança

Apesar de dizer que a polícia de São Paulo está trabalhando dia e noite, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu ontem, em entrevista exclusiva à Rádio Eldorado, que a segurança pública ainda é uma de suas principais preocupações. ‘Você pode ter mais polícia, mais carros, mais armas, mas isso não quer dizer que a violência vai cair’, afirmou Alckmin.

Crimilinalidade esta que tem atingido escolas e motivou a criação de um projeto especial para proteger os alunos, anunciado ontem. Segundo o governador, no entanto, é necessário também combater as causas da violência, como a falta de emprego e oportunidades.

‘É por isso que estamos concentrando os esforços na chamada educação para o trabalho, principalmente com os jovens e em relação às pessoas de mais idade, que precisam de requalificação.’ Leia a seguir os principais pontos da entrevista:

Polícia – ‘É fácil ver como a polícia está trabalhando. Há sete anos, tínhamos 55 mil presos e hoje temos 103.800. Quarenta e cinco por cento da população carcerária do Brasil está aqui em São Paulo. Então, o fato é que a violência não diminuiu. Você pode ter mais polícia, mais carros, mais armas, órgãos de informação, dobrar o sistema penitenciário, mas isso não quer dizer que a violência vai cair. Precisamos agir nas causas. No Estado, de janeiro para cá, o homicídio doloso caiu 6%; em fevereiro, baixou 17% e, em março, obtivemos queda de 0,4%. É uma luta permanente. Polícia na rua, polícia ostensiva, polícia repressiva. Em junho, entram 6 mil soldados temporários e 4 mil guardas de muralha. Já foram feitas 7 mil blitze.’

Colégios – ‘O secretário da Educação, Gabriel Chalita, tem conversado com as entidades de professores e explicado que o objetivo é proteger os alunos. Para isso, temos o Programa de Segurança nas Escolas, que já começou. Duas mil escolas terão câmeras e alarmes ligados à polícia, num investimento de R$ 5 milhões. Faremos obras físicas e estamos contratando vigias para proteger os estudantes e zeladores. Nós localizamos os colégios mais violentos do Estado e passamos a deixá-los abertos nos fins de semana, no projeto Parceiro do Futuro. Temos 110 escolas, mas vamos aumentar para 400, com opções de cultura, esportes e lazer. Isso vai beneficiar os alunos e a região, diminuindo a violência.

Dificuldades – ‘Eu diria que o emprego e a segurança pública são as preocupações maiores e que os temas estão muito relacionados. Quanto maior a oferta de emprego, quanto melhor a questão social, diminui a violência. Por isso, concentramos os esforços na chamada educação para o trabalho, principalmente com os jovens e mesmo em relação às pessoas de mais idade, que precisam de requalificação.

Dívidas – ‘O governador Mário Covas não tirou um centavo nem da Nossa Caixa nem do Banespa. Não fez nenhuma dívida, mas herdou uma dívida enorme. Renegociou com o governo federal e o Estado economizou uma fábula, porque se não tivesse renegociado esse débito hoje estaria em mais de R$ 150 bilhões. Estamos em dia e não temos nenhuma dívida nova. Tanto é que o governo recuperou sua capacidade de investimento e saiu de um déficit público que era de mais de 20% ao ano para déficit zero. Olha, quem disse isso (que o PSDB aumentou de R$ 12 milhões para R$ 92 milhões o endividamento estadual) foi ex-governador Paulo Maluf. Ele sim está acostumado a destruir governo. Nós estamos reconstruindo o governo.’

Precatórios – ‘Em relação ao precatório não-alimentar, nós estamos em dia, porque a emenda constitucional número 30 permitiu quitar os valores em até dez anos. Você salda tudo em dez parcelas, uma por ano. Já pagamos no ano passado e temos até 31 de dezembro para quitar a parcela deste ano. O precatório alimentar nós pagamos na semana retrasada, R$ 30 milhões. Nós estamos pagando o de 1997, quando acabarmos vamos para 1998. Devemos quitar mais R$ 400 milhões, os chamados depósitos judiciais. Agora, há sim, um atraso, que vem de muitos anos, de governos anteriores.

Clandestino – ‘A ocupação dos mananciais vem ocorrendo há 30 anos e não há polícia para tirar 1,6 milhão de pessoas dessas áreas. Então, mandamos um projeto para a Assembléia Legislativa corrigindo isso.

Pedágio – No caso da Castelo Branco, nós estávamos praticamente acertados para reduzir de R$ 3,50 para R$ 1,70 o valor do pedágio. E tínhamos um estudo que mostraria que isso ia aumentar muito o número de veículos. Mas a concessionária não concordou e está preparando-se para uma briga judicial com o governo. E não está cumprindo o contrato. No caso da Rodovia Raposo Tavares, a obra de duplicação já era para estar bem adiantada. Nós estamos tocando uma multa de R$ 174 mil por dia na concessionária e vamos exigir o cumprimento do contrato.

Metrô – A cidade fez uma opção errada pelo transporte individual. Foi feito túnel aqui em São Paulo, por exemplo, que não passa ônibus. Então, a parte do governo, o transporte sobre trilhos, nós estamos ampliando, que é metrô e trem. Entregaremos em 90 dias uma nova linha de metrô. São seis novas estações: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovani Gronchi, Santo Amaro, Largo Treze. São 9,7 quilômetros de metrô, 400 mil passageiros a mais por dia. Depois que chegar ao Largo Treze, o projeto que já estamos terminando é para ir até Santa Cruz e ligar com a Linha Norte-Sul. E já licitamos a Linha 4, que será a mais importante.

Marta Suplicy – ‘Temos três áreas de grande interface com o município. Uma delas é enchente. Se você perguntar de quem é a responsabilidade na questão da drenagem, direi que é dos dois. Pela primeira vez, demos um passo efetivo na parceria com os piscinões. A Prefeitura dá o terreno e nós construímos. A outra foi a do CDHU. A Prefeitura dá o terreno, nós financiamos as casas. Podemos caminhar mais juntos e eu deixo para a prefeita a proposta de urbanizar favelas. E, finalmente, o renda cidadã. Temos um programa de R$ 60, que dá cartão magnético para a mãe. Queremos 14 mil para a cidade, num total de 50 mil famílias atendidas. A Prefeitura faz a seleção.’