Da Reportagem
Marcelo Eduardo dos Santos, da Editoria de Economia
Com investimentos importantes emperrados e a movimentação do Porto de Santos crescendo continuamente, o governador Geraldo Alckmin afirmou ontem que está disposto a assumir a execução do tramo sul do Ferroanel, obra de responsabilidade da União e considerada essencial para facilitar o transporte de cargas para o principal complexo portuário do País. A proposta foi apresentada logo após o encerramento do seminário II São Paulo ExportAção, no Centro de Exposições Imigrantes, na Capital.
O evento foi organizado pelo Estado para discutir formas de ampliação das exportações paulistas, mas o risco de um colapso na infra-estrutura do País dominou os debates.
Poucas horas antes do encerramento, o secretário estadual de Transportes, Dario Rais Lopes, tinha apresentado uma série de gargalos logísticos que emperram as exportações por São Paulo. E mostrou propostas do Estado para assumir alguns investimentos de responsabilidade do Governo Federal. As ofertas, porém, teriam sido recusadas por Brasília.
‘‘Eu vou falar com o Furlan (Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para delegar para o Estado a questão do tramo sul do Ferroanel. Nós inclusive já pagamos pelo projeto, pelo licenciamento ambiental e pela licitação do tramo sul para ganharmos mais tempo e rapidez nesse programa’’, disse Alckmin.
Minutos antes, Furlan e o governador estiveram lado a lado no encerramento do seminário. Nesse encontro, já haviam comentado sobre a transferência de obras da União para o Estado, disse Alckmin. ‘‘Já toquei no assunto e vou reforçar’’, completou.
Entusiasmado em assumir o trecho sul do anel ferroviário a ser construído ao redor da Região Metropolitana de São Paulo, Geraldo Alckmin disse que, ‘‘se tivermos a delegação, nós já vamos correr. Temos o projeto básico, já detalhamos o projeto executivo, já apresentamos no Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) para ter a licença ambiental’’.
O governador destacou que o investimento, avaliado atualmente em US$ 125 milhões, não caracteriza ‘‘uma obra tão grande’’ e disse que já conversou sobre o assunto com os ministros Aldo Rebelo (Articulação Política) e Alfredo Nascimento (Transportes). Caso o Governo Federal concorde com a proposta, ele acredita que a intervenção começará em 2005.
Procurado por A Tribuna logo após a entrevista de Alckmin, Luiz Fernando Furlan buscou acenar para uma iniciativa conjunta, sem, no entanto, assumir compromissos claros. ‘‘O Porto de Santos é o pulmão do comércio exterior brasileiro e há medidas dos governos Estadual e Federal que podem dar ganho de produtividade’’.
