Alckmin anuncia Corredor de Exportação

Correio Popular - Campinas - Sexta-feira, 4 de março de 2005

sex, 04/03/2005 - 8h50 | Do Portal do Governo

Governador assina decreto que permitirá a implementação da rota viária que fará ligação entre Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte

Gilson Rei
Da Agência Anhangüera

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou ontem o decreto que autoriza a implementação do Corredor de Exportação Campinas – Vale do Paraíba – Litoral Norte e prevê, entre outras medidas, a concessão da Rodovia Dom Pedro I, totalizando um investimento de R$ 1,03 bilhão até 2008.

O corredor de 260 km de extensão vai escoar produtos de importação e exportação da região de Campinas e de todo o interior do Estado e do Sul de Minas Gerais, interligando também o Aeroporto de Viracopos e o Porto de São Sebastião.

Do total previsto para o projeto, o Governo de São Paulo vai investir R$ 205 milhões. Os R$ 825 milhões restantes virão da iniciativa privada, que terão a concessão do Porto de São Sebastião e das rodovias Dom Pedro I (SP-65), Tamoios (SP-99) e Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-70). A empresa concessionária da Rodovia Dom Pedro I deverá investir R$ 150 milhões em ampliações, construção de vias marginais e adaptações.

Alckmin afirmou ontem, no Palácio dos Bandeirantes, que haverá audiência pública nas regiões de Campinas, São Paulo e São José dos Campos até o final deste mês. Os editais de concessões devem sair até o final do primeiro semestre deste ano – a concorrência pública deverá estar concluída em novembro.

‘O objetivo é iniciar as obras das concessionárias em janeiro de 2006. Neste ano, alguns investimentos vão continuar sendo feitos pelo Estado’, disse. O governador ressaltou que o corredor vai criar uma rota de escoamento mais eficiente para as empresas instaladas nas regiões de Campinas e do Vale do Paraíba que produzem produtos de alto valor agregado, como veículos e eletroeletrônicos.

‘A região de Campinas, por exemplo, conta com a Toyota e a Honda, além de empresas de autopeças como a Robert Bosch e a Pirelli, que poderão agora planejar a ampliação nas suas exportações’, exemplificou.

O secretário de Transportes, Dario Rais Lopes, disse que a idéia é aproveitar a infra-estrutura já existente para ligar estas regiões produtivas ao porto de São Sebastião. ‘O novo canal de exportação não veio para competir com o Porto de Santos, mas para ampliar as condições exportadoras do Estado’, afirmou.

O projeto foi aprovado pelo PED (Programa Estadual de Desestatização) e envolve a concessão para a iniciativa privada das rodovias D. Pedro I (SP-65), Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-70) e Tamoios (SP-99), que será duplicada.

Também haverá a concessão do porto de São Sebastião. Complementam o corredor a malha ferroviária operada pela empresa MRS e os aeroportos de Viracopos e São José dos Campos, operados pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).

O secretário de Transportes disse que o custo da operação no Porto de São Sebastião chega a ser 40% menor do que o praticado pelo Porto de Santos. A nova linha de exportação criará uma logística de comércio exterior mais consistente, aumentando a competitividade do Estado de São Paulo em função do baixo custo das tarifas do Porto de São Sebastião e da proximidade com o parque industrial das regiões de Campinas e do Vale do Paraíba.

Nos últimos quatro anos, o governo do Estado já investiu R$ 251,8 milhões em obras nas rodovias que compõem o corredor, e mais R$ 7,3 milhões no porto de São Sebastião.

Representantes da indústria e do transporte de cargas de Campinas e região estão animados com a possibilidade de se utilizar o Corredor de Exportação Campinas – Vale do Paraíba – Litoral Norte, interligando ao Porto de São Sebastião.

O diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo- Regional Campinas (Ciesp-Campinas), Luiz Alberto Soares Souza, disse que esta nova opção para as indústrias escoarem seus produtos é benéfica porque vai gerar maior competitividade e qualidade nos serviços.

‘A existência deste corredor vai atrair novas empresas para a nossa região, porque vão poder contar com uma infra-estrutura adequada para o crescimento sustentável desejado’, afirmou. ‘Além disso, o porto de São Sebastião é um porto de água profundas, que permite a chegada de grandes cargueiros marítimos’, afirmou.

O diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Campinas e Região (Sindicamp), Carlos Panzan, disse que a criação do corredor é essencial e vai possibilitar redução de custos aos transportadores de cargas.

‘Atualmente o Porto de Santos está travado, devido ao trajeto muito congestionado, que acarreta em gastos adicionais no frete’, afirmou. ‘Toda manhã os caminhões enfrentam mais de dez quilômetros de congestionamento na entrada de São Paulo’, exemplificou.

Panzan afirmou que o novo corredor será um ‘alívio’, para as empresas transportadoras de cargas. ‘Vão ganhar em agilidade, eficiência e poderão reduzir seus custos. Além disso, poderão até dobrar os serviços, pois quem faz uma viagem por dia poderá fazer duas’, disse.

O Porto de São Sebastião movimentando atualmente 400 mil toneladas por ano. O acesso é feito pelo canal de Sebastião, que tem condições naturais de calado e abrigo favoráveis. Em setembro de 2004, foram concluídas obras de dois novos dolphins (ponto de atracação de navios), com investimento de R$ 2,4 milhões. Houve também a pavimentação do pátio 2, com capacidade para 1.500 veículos.

Atualmente, estão em andamento obras de infra-estrutura no valor de R$ 4,6 milhões e uma ampliação do porto, que começou a ser construído em 1934, está em fase de finalização pela Dersa Desenvolvimento Rodoviário SA, estatal paulista que administra o porto desde 1993. Com as obras, a capacidade do porto deve chegar a 3 milhões de toneladas por ano em 2010.