Estado vai dar a Serra R$ 16 milhões para o M’Boi Mirim; prefeito recuou em críticas a vereadores do PT
Elizabeth Lopes
Colaborou: Bárbara Souza
Com população de 1 milhão de habitantes, a região de Campo Limpo, na zona sul, vai finalmente ganhar um hospital. Há quase quatro anos emperrada – ora por problemas de desapropriação, ora por falta de caixa na Prefeitura -, a construção do Hospital do M’Boi Mirim recebeu R$ 16 milhões do Estado para deixar de ser apenas um projeto. Ontem, na assinatura do convênio, o prefeito José Serra (PSDB) baixou o tom das críticas aos vereadores petistas e os do chamado Centrão, que havia acusado anteontem de fisiológicos e interessados em agradar a empreiteiras.
Ao mesmo tempo que trouxe alívio, o convênio causou surpresa entre os petistas, que estranharam o súbito interesse do Estado. ‘O governo foi procurado nos anos da gestão do PT para colaborar e alegou não ter recursos’, disse o vereador Donato (PT). ‘Acho legítima a parceria, porque o hospital é uma luta histórica. Mas lamento que isso tenha sido feito só quando o prefeito é do mesmo partido do governador.’
Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a liberação dos recursos atendeu à solicitação do prefeito. ‘Serra pediu para ajudar porque o orçamento aqui era federal, mas está demorando muito. Liberamos o dinheiro porque quanto mais tempo perdermos com isso, mais vai levar para o hospital funcionar.’ Serra afirmou que o gesto do colega de partido foi ‘uma atitude de generosidade política’ e voltou a alfinetar Marta Suplicy, dizendo que a petista não havia deixado recursos para a obra. ‘Não tinha dinheiro no orçamento, tinha fantasia.’
De acordo com o vereador Donato, constam do orçamento deixado por Marta R$ 13 milhões para o hospital, que já tem empresa licitada. Em 2004, a obra estava orçada em R$ 62.559.257,10.
A Secretaria de Estado da Saúde disse que o novo hospital ajudará a desafogar as unidades estaduais na região, como o Regional Sul e os Hospitais Gerais de Pedreira e Grajaú. A Prefeitura mantém o Hospital Municipal de Campo Limpo, que está além de sua capacidade de atendimento e fica longe do M’Boi Mirim.
O hospital terá 228 leitos e atendimento geral, com instalações para emergência, internação, cirurgia, partos, pediatria e ala de saúde mental. Cerca de 1.600 profissionais vão trabalhar na unidade, que tem capacidade para atender 20 mil pessoas por mês. As obras devem estar concluídas em 30 meses.
RECADO
Apesar de amainar as críticas aos vereadores, Serra aproveitou a ocasião – e a presença de alguns deles, como Milton Leite (PMDB) – para mandar um recado. ‘Faço um apelo aos vereadores, pois o projeto da Previdência Municipal está lá (Câmara) há um mês e meio e nem sequer foi lido. A cidade está perdendo R$ 300 mil ao dia’, afirmou o prefeito.
‘Não estou dando uma conotação política, mas fazendo um apelo constitucional em nome da cidade.’ As acusações de que os parlamentares estavam obstruindo as pautas de votação por fisiologismo haviam sido feitas anteontem por Serra, em Brasília.
