Ajuda de R$ 854 mil ao Amparo Maternal

Jornal da Tarde - Sábado, 17 de abril de 2004

sáb, 17/04/2004 - 12h17 | Do Portal do Governo

A verba, anunciada ontem pelo governador Geraldo Alckmin, será paga em parcelas de R$ 154 mil até o fim do ano. O déficit da maternidade, entretanto, chega a R$ 4 milhões por ano

GIOVANNA BALOGH

O Amparo Maternal, na Vila Clementino, Zona Sul, pede socorro. A cada ano, a maternidade acumula um déficit de R$ 4 milhões, já que o repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) não é suficiente para cobrir os gastos com os 40 partos realizados diariamente no local. Os médicos não recebem os salários há quatro meses e os fornecedores de medicamentos e produtos estão deixando de atender o hospital por falta de pagamento.

Para cada parto normal – que é a maioria dos realizados na instituição (86%) -, o SUS repassa R$ 290. O custo, entretanto, é de R$ 500. O mesmo acontece nas cesarianas (veja quadro ao lado). O diretor administrativo e financeiro do Amparo, Emílio Ferranda, diz que os gastos mensais com todas as contas chegam a R$ 700 mil, mas o hospital recebe apenas R$ 450 mil. ‘A tabela do SUS está defasada, congelada. Mas os custos de água, luz, alimentação e medicamentos aumentam a cada dia. Temos de pagar e honrar com os compromissos, mas não temos como’, conta Ferranda.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) visitou ontem a entidade e confirmou que a tabela do SUS não é corrigida, o que prejudica ainda mais o trabalho das entidades filantrópicas. Ele anunciou uma ajuda financeira de R$ 854 mil à maternidade, que será paga em parcelas de R$ 154 mil até o final do ano, a partir de maio. ‘O hospital é de gestão plena, quem tem de pagar é a Prefeitura’, afirmou o governador, acompanhado da deputada federal Luiza Erundina (PSB) e do secretário de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

No entanto, Ferranda disse que a Prefeitura ‘não ajuda em nada’ e que ainda espera uma verba do governo federal. O hospital é filantrópico e atende apenas mulheres carentes que não têm como pagar o parto ou os exames pré-natais, também realizados no local. A instituição ainda dá enxoval completo para cada bebê que nasce lá.

O Amparo conta com um espaço para crianças que esperam adoção e um albergue para abrigar mães que não têm para onde ir. ‘Elas ficam aqui até encontrar um lugar para viver’, explicou o diretor.

A desempregada Silvana Rodrigues, 28 anos, é uma das moradoras do Amparo.

Ela vive lá desde o quarto mês de gestação e, há 45 dias, deu à luz os gêmeos Vitória Alexandra e Vítor Alexandre. Seus outros dois filhos, Andréia, 11 anos, e Francisco, 8, vivem com uma família de amigos.

‘Se não fosse o Amparo, provavelmente, estaria morta. Eu e as crianças.’ Ela conta que, nos três primeiros meses de gestação, morou na rua. ‘Passei fome.’ O filho Francisco também nasceu no Amparo, mas, naquela época, Silvana conseguiu voltar para casa logo, já que trabalhava como auxiliar de educação de menores carentes. ‘Antes, tinha condições de oferecer uma vida melhor para as crianças.’

Enquanto moram na maternidade, as 73 mães ajudam na lavanderia e na cozinha e fazem cursos de corte e costura, computação e de trabalhos domésticos, para que possam aprender uma profissão e arrumar um emprego. Por enquanto, a preocupação de Silvana e das outras mães e gestantes é uma só: que o Amparo feche as portas.