Água: um bem público

Jornal da Tarde - Terça-feira, dia 18 de julho de 2006

ter, 18/07/2006 - 11h11 | Do Portal do Governo

Pequenas mudanças na rotina das pessoas podem ajudar na economia desse recurso essencial

MAÍRA TEIXEIRA

Cuidar da água que se bebe é um dever de todo cidadão e, para tanto, não faltam equipamentos no mercado. Mas esse mesmo cidadão precisa também cuidar daquela água que sai fácil, límpida e em abundância em qualquer torneira da casa, pois esse recurso natural é esgotável.

Para evitar que água seja desperdiçada cada um deve fazer a sua parte e ajudar na utilização mais consciente. “Com pequenas mudanças de hábito podemos fazer muito”, ressalta Luiz Aversa, superintendente de Comunicação da Sabesp, que acredita é preciso haver uma mudança cultural no uso da água. “Confio que as crianças de hoje, que vão assumir o poder no futuro, terão uma consciência diferente da da minha geração.”

Luiz afirma que o grande “gastão” de água em casa é sem dúvida o banheiro. “Quanto mais pessoas tomarem atitudes de consumo responsável, mais qualidade teremos em nossa vida e poderemos utilizar a água de maneira racional.”

Aquele hábito de lavar a calçada com esguicho deve ser encarado como coisa do passado. Mas isso não quer dizer que sua calçada nunca mais vai “ver” água. O correto é limpar o local com uma vassoura e depois jogar com um balde a água necessária para lavá-lo.

De acordo com o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, uma torneira aberta enquanto escovamos os dentes gera um desperdício de cerca de 17,5 litros de água. Se escovar os dentes 3 vezes ao dia, o desperdício será de cerca de 52,5 litros de água diários. Se 3 milhões de pessoas que deixam a torneira aberta enquanto escovam os dentes resolvessem fechá-la, a água poupada diariamente seria suficiente para abastecer uma cidade como Goiânia (GO), com 1 milhão de habitantes, por 1 dia.

Pagar por todos

Em todo o País há bairros onde a população tem acesso a água em bom estado, tratada, enquanto em outros cantos a realidade é bem diferente. Aí você pensa: “Eu posso pagar e por isso tenho água encanada.” Mas esse pensamento não é o correto, explica Aron Belink, gerente de Projetos Especiais do Instituto Akatu. “A água é um recurso finito. Cerca de 70% das doenças no País têm origem na falta de água potável. Por isso sofre quem não tem recursos. E quem tem acesso à água paga para tratar das doenças de quem não tem esse líquido essencial à vida.”

Ele classifica a água como um bem público. “A saúde pública depende de água. Portanto, quem desperdiça acaba pagando pelo que consome e pelo que falta em outras regiões da cidade. Não podemos esquecer que os impostos que pagamos mantêm os serviços de saúde.”

Fonte de investimento

Para se ter uma idéia de como, no médio e no longo prazos, a água vai ficar escassa, as maiores corporações européias e norte-americanas estão diversificando suas atividades comprando em todo o globo terrestre as fontes de água. No futuro, dizem especialistas, esse recurso não renovável vai valer mais do que ouro e petróleo. Detalhe: a gente vive sem esses dois, mas sem água é impossível.

Se nenhuma dessas situações conseguiu mostrar a necessidade de se utilizar a água de maneira racional, aí vai um último teste. Lembre do dia em que faltou água no seu bairro, ou que foi preciso fazer um rodízio de horários de utilização. Você certamente teve uma mudança na sua rotina. Lembre de detalhes como a louça suja acumulando na pia, a impossibilidade de tomar banho e de escovar os dentes. “Agora, tente imaginar como será viver em um mundo com restrição de água. A resposta está literalmente nas nossas mãos. Não dá para viver sem água, por isso cada um de nós tem a obrigação não de economizar, mas de consumir só o que precisa”, diz o superintendente da Sabesp. Mais informações e dicas de como utilizar com consciência a água nos sites da Sabesp (www.sabesp.com.br) e do Akatu (www.akatu.org.br).