Agora é só regulamentar

Jornal da Tarde - Terça-feira, 7 de março de 2007

qua, 07/03/2007 - 12h36 | Do Portal do Governo

Do Jornal da Tarde

 

Um novo modo de descobrir e ajudar os alunos com dislexia da rede pública. É isso que propõe a lei estadual 12.525, aprovada em 2 de janeiro, que aguarda regulamentação do governador José Serra para ser implantada. A lei estipula que o Estado crie um Programa de Identificação e Tratamento da dislexia nas em escolas da rede.

Segundo a deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), autora da lei, o objetivo da proposta é detectar precocemente o distúrbio e viabilizar o tratamento. Para isso deverão ser feitos exames nos alunos matriculados na primeira série do Ensino Fundamental . “A lei também prevê a capacitação permanente dos professores para identificar os sinais de dislexia e de outros distúrbios do aprendizado nos estudantes.”

A Associação Brasileira de Dislexia (ABD) afirma que a faixa etária predominante de disléxicos diagnosticados hoje no País é de 7 a 12 anos. “Não temos um levantamento específico, mas acreditamos que pelo menos 10% dos alunos da rede pública têm dislexia, que é a dificuldade de lidar com o código lingüístico, como ler, compreender o que está lendo e escrever”, explica o professor Mário Ângelo Braggio, que faz parte da Diretoria Consultiva de Relações Escolares da ABD.

Braggio explica que o disléxico é um aluno inteligente, sem problemas neuropsicomotores ou sensoriais. “Ele enxerga e lê normalmente e, na maioria das vezes, apresenta dificuldade de concentração. Ao contrário do que muitos acreditam, a dislexia não é resultado da má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência”, explica.

Quando a dislexia é identificada, começa um acompanhamento que pode variar de acordo com os diferentes graus do distúrbio: leve (normalmente detectada na fase adulta), moderado (identificado em crianças entre 10 e 13 anos) e severo (perceptível em alunos no período de alfabetização).

Será que sai do papel?

A psicopedagoga Maria Irene Maluf, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) acha pouco provável o governo estadual regulamentar a lei. “Existe uma lei similar que pretende diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem e engloba dislexia. Ela nunca foi regulamentada e não vejo chances dessa nova lei ir para frente. Se a lei de 2001 tivesse sido colocada em prática, hoje teríamos um trabalho de assessoria e desenvolvimento pedagógico.”

Já a deputada Maria Lúcia Prandi acredita que o governo estadual pode colocar em prática a lei elaborada por ela. “Este é um projeto importante, que vai identificar no início do ensino fundamental as dificuldades de aprendizagem.” A Secretaria Estadual de Educação disse que um grupo de trabalho está preparando um projeto para trabalhar o tema dentro da sala de aula.