Acusados de fraude na saúde em cinco Estados são presos

Folha de S.Paulo - Sexta-feira, 31 de outubro de 2008

sex, 31/10/2008 - 12h00 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Polícia de São Paulo prendeu ontem cinco pessoas acusadas de participar de esquema de fraudes em licitações públicas para fornecimento de produtos farmacêuticos e material médico-hospitalar em municípios de pelo menos cinco Estados: SP, MG, RJ, GO e MS. Entre os produtos estão soro fisiológico e cateteres.

A quadrilha teria conseguido, segundo a polícia, fraudar até licitações do pregão eletrônico do governo paulista, sistema implantado para reduzir as chances de corrupção e utilizado em 80% das compras feitas pelo Estado de São Paulo.

Entre as vítimas da quadrilha estão, segundo a polícia, pelo menos dez hospitais -um deles é o HC de São Paulo.

Além das fraudes, o grupo será investigado por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e uso de offshores para remessa ilegal de dinheiro ao exterior.

A polícia também apreendeu, com autorização da Justiça, documentos e bens da suposta quadrilha -entre iates, helicópteros e carros importados- avaliados em cerca de R$ 7 milhões. As contas bancárias dos suspeitos e das empresas citadas foram bloqueadas.

A polícia não permitiu à Folha ter acesso aos investigados. Eles ficarão presos cinco dias por ordem do juiz Vinicius de Toledo Piza Peluso.

De acordo com a polícia, a quadrilha atuava havia pelo menos dois anos e o prejuízo provocado aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 100 milhões nesse período.

O delegado Luis Castilho Storni, responsável pela investigação, disse que o valor é, porém, uma “estimativa”. Ele não soube informar a fórmula para chegar a esse valor estimado.

No Estado de São Paulo, o grupo teria fechado contratos no valor de R$ 56 milhões, mas, segundo o delegado, ainda não se sabe em quantas dessas compras houve fraude.

Além de fraudar as licitações, sempre com a participação de funcionários públicos (municipais e estaduais), o grupo é suspeito de entregar apenas parte da mercadoria e, ainda, em outros casos, de entregar produtos de qualidade inferior.

Segundo a polícia, a próxima etapa agora da investigação é identificar os funcionários públicos envolvidos.

Fraudes

De acordo com a polícia, a quadrilha era formada por dois grandes grupos, liderados por Dirceu Gonçalves Ferreira, de um lado, e Renato Pereira Júnior, do outro. Eles comandariam juntos pelo menos dez empresas, algumas delas por meio de “laranjas”.

Pelo lado de Ferreira, a polícia cita dois operadores do suposto esquema: Carlos Alberto do Amaral, o “Papito”, e Vanessa Fávero. Seriam eles os responsáveis por aliciar os pregoeiros e, também, os funcionários dos hospitais públicos onde ocorreram as fraudes.

Pelo lado de Pereira Júnior, é citado Marcos Agostinho Paioli -considerado o principal elo entre os dois grupos. Em telefonema interceptado com autorização da Justiça, os dois comentam uma licitação em Marília (SP) que pretendem vencer por meio de fraude. “Vamos mandar essa de Marília que é melzinho na chupeta”, teria dito Paioli ao chefe.