Acordo pretende reduzir poluição

A Tribuna - Segunda-feira, 5 de Dezembro de 2005

seg, 05/12/2005 - 16h20 | Do Portal do Governo

Da Reportagem

Embora o Brasil esteja isento das reduções obrigatórias de emissão de gases poluentes, e os Estados Unidos não tenham ratificado o Protocolo de Kyoto, os governos de São Paulo e da Califórnia (Estado norte-americano) assinam hoje um programa de colaboração para diminuir a geração de Gases de Efeito Estufa (GEE) e aumentar sua eficiência energética.

O acordo será firmado em Montreal, no Canadá, onde está sendo realizada a Conferência do Clima, reunindo representantes de 189 países.

Ao assinarem o documento, os secretários de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, e da Califórnia, Alan Lloyd, estarão dando o primeiro passo para uma troca de experiências que tem como meta mostrar ao mundo que a redução na emissão de GEE pode resultar também em benefícios econômicos.

Goldemberg, que participa da conferência em Montreal, aponta a Califórnia como referência no que se refere a desenvolvimento sustentável. Enquanto nos EUA as emissões per capta de gases de efeito estufa chegam a 23 toneladas por ano, a média californiana é de 12 toneladas.

Somente em relação ao dióxido de carbono (CO2), a emissão per capita caiu cerca de 30% desde 1975, data do início dos programas de eficiência energética no Estado. Nesse mesmo período, a média nacional não se alterou.

‘‘Eles são referência em um país que dá um exemplo muito negativo ao não ratificar o Protocolo. Os Estados Unidos são responsáveis por 25% das emissões de gases poluentes de todo o planeta’’, observa Goldemberg.
Estratégias

Ao mesmo tempo em que estarão conhecendo a fundo as políticas californianas, os técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente irão compartilhar com os parceiros as iniciativas implantadas em São Paulo para o controle da poluição.

Uma ação que desperta maior interesse dos norte-americanos, segundo o secretário, é o uso do álcool etanol nos veículos automotores. Apenas em 2003, o combustível foi responsável pela queda de sete milhões de toneladas de CO2 nas emissões em todo o Estado. Considerando-se o período entre 1980 e 2003, a redução chega a 82 milhões de toneladas. ‘‘Se a gente considerar o aumento dos carros com motor flex no Estado, podemos prever, futuramente, reduções ainda maiores nas emissões’’, diz Goldemberg.

Outra iniciativa destacada pelo secretário é o reflorestamento das matas ciliares — localizadas nas margens dos rios. O potencial de recuperação em todo o Estado é um milhão de hectares dessa vegetação. Para tal empreitada, a secretaria já recebeu US$ 7,75 milhões (cerca de R$ 17 milhões) do Banco Mundial. ‘‘É uma vegetação capaz de absorver grande quantidade de carbono’’, explica o titular da pasta.

Outras ações que o Governo Estadual pretende encorajar, segundo Goldemberg, são o uso de gás natural para abastecer os ônibus que fazem o transporte coletivo nos municípios e a geração de eletricidade através da queima do bagaço de cana-de-açúcar. ‘‘Estamos estudando também a reativação dos trólebus, já que nossas fontes geradoras de eletricidade não são poluentes’’.

Saiba mais
O Estado de São Paulo é responsável por aproximadamente 27% do consumo de energia no Brasil, que é a quinta maior fonte de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do mundo. Embora não haja dados sobre emissão de GEE no Estado, a geração de dióxido de carbono (CO2) totalizou 83 milhões de toneladas em 2003 — quase um quarto do total no País. Se fosse comparado com países inteiros, São Paulo seria a 39ª maior fonte de emissão de CO2 do planeta.