Achado pode criar um novo nicho de mercado

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 25 de outubro de 2007

qui, 25/10/2007 - 11h24 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Além de possíveis aplicações terapêuticas, a descoberta de células-tronco mesenquimais no cordão umbilical abre um novo nicho de mercado que poderá ser explorado pelas empresas que já oferecem o congelamento do sangue de cordão. O serviço é polêmico. Muitos pesquisadores criticam os bancos privados e acreditam que deveria haver apenas bancos públicos.

Nos privados, a expectativa é de que o sangue seja utilizado pela própria pessoa, no futuro, caso ela venha a sofrer de leucemia ou outra doença de origem sanguínea. Segundo os críticos, porém, a possibilidade de isso acontecer é mínima. Na maioria dos casos, o transplante autólogo (da própria pessoa) não é recomendado. Caso seja uma doença genética, o mesmo defeito estará embutido nas células congeladas. E, para pessoas com mais de 50 quilos, uma única amostra de sangue não basta.

“É completamente louco basear uma terapia celular em bancos privados”, diz Carlos Moreira Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Não faz sentido nem científico nem econômico.” O ideal, segundo ele, seria que todas as amostras fossem depositadas em bancos públicos, de forma que qualquer pessoa compatível pudesse se beneficiar delas.

No início do mês, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que vai regular a propaganda dos bancos privados para evitar abusos. Segundo os críticos, é preciso deixar claro o potencial das células congeladas.

Os bancos privados contestam as críticas e defendem o direito de as pessoas optarem pelo serviço. Com o avanço das pesquisas, a perspectiva é de que a aplicabilidade das células autólogas aumente. Segundo o diretor-médico do CordVida, Isolmar Schettert, as células de sangue de cordão já foram usadas no tratamento de quase 100 doenças.