Mais de 500 homens ocuparam a região. Tropas especiais realizaram treinamento
RITA MAGALHÃES, rita.magalhaes@grupoestado.com.br
O menino Lucas Alves da Silva, 6 anos, mudou sua rotina, ontem. Em vez de ficar em casa ou jogar bola na rua, ele se juntou a dezenas de amiguinhos e foi para a rua assistir a 515 homens das tropas de elite da Polícia Militar ocuparem o bairro onde mora, no extremo norte da Capital. Parecia mais um episódio de Swat, série policial americana. Policiais de roupas camufladas e armados com metralhadoras e fuzis chegavam em grupos de quatro no pico do morro do Jardim Brasília, pendurados no Helicóptero Águia.
Além das crianças, o espetáculo atraiu jovens, adultos, donas de casa e comerciantes. Todo mundo saiu de casa para ver a PM passar: a pé, de cavalo, helicóptero e viaturas. O coronel Joviano Conceição Lima, comandante do Policiamento de Choque, aproveitou o 51º dia da Operação Saturação por Tropas Especiais (Oste), para unir o útil ao agradável: treinar as tropas especiais e oferecer sensação de segurança à comunidade.
Desde a ocupação, em 20 de setembro, eles prenderam 47 pessoas em flagrante por tráfico de drogas, roubo, estelionato, receptação e formação de quadrilha; recapturaram 11 foragidos da Justiça e apreenderam 36,3 kg de cocaína, 5kg de maconha e R$ 21,9 mil que estavam com os traficantes de drogas.
Rosa Domingues Miranda foi uma das pessoas presas por tráfico. Ela foi flagrada com 33 kg de pasta-base de cocaína, em sua casa, após uma denúncia anônima. A prisão foi efetuada no dia 9 de outubro. O informante dizia que a droga era da filha dela, Silvana Aparecida Miranda, a Ana Loira, que fugiu durante a chegada dos policiais.
Policiais do Comando de Operações Especiais (COE), Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Canil e Cavalaria ocupam a região de Taipas 24 horas por dia. Enquanto os homens do COE fazem a incursões com apoio dos cães e da cavalaria, as equipes da Rota montam bloqueios em pontos estratégicos de entrada e saída de bairro, abordando pessoas e veículos.
Inteligência da PM
A operação, feita com base em levantamentos do Serviço de Inteligência da PM, tem sido aprovada pela comunidade. ‘Eu estudo à noite e, no caminho de volta da escola, estava acostumada a ver pessoas brigando, usando drogas e casais transando no escadão’, disse a estudante Patrícia de Cássia Souza Dias Vieira, 17 anos. ‘Além de constrangida, ficava com muito medo. Com a polícia aqui, isso acabou’.
Ontem de manhã, Patrícia dirigiu-se ao acampamento da PM, instalado na Avenida Cantídio Sampaio, 6.800, para utilizar os serviços do Poupatempo Móvel, mais uma utilidade pública levada à comunidade a pedido da PM. ‘Vim tirar minha primeira carteira de trabalho. Não tirei antes porque não tinha dinheiro para pagar o transporte para ir à Cidade.’
O Poupatempo Móvel tem prestado uma média de 850 atendimentos diários, incluindo a confecção de RGs, CPFs, atestados de antecedentes e serviços públicos pela internet.
