Ação da Nossa Caixa salta na estréia

Valor Econômico - Segunda-feira, 31 de outubro de 2005

seg, 31/10/2005 - 11h19 | Do Portal do Governo

Abertura de Capital
Banco já planeja a venda do controle da empresa de capitalização

Maria Christina Carvalho
De São Paulo

O diretor presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, apostava que as ações do banco chegariam a R$ 36 na sexta-feira. Quando Monteiro deu seu palpite, os papéis acabavam de estrear no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com a cotação de R$ 31, fechada na oferta pública secundária dos papéis.

O presidente da Nossa Caixa acertou: as ações do banco estadual paulista acabaram fechando a R$ 36,45, com salto de nada menos que 17,58% sobre o preço de lançamento. Durante o dia, chegaram a subir 22,5% e beirar os R$ 38, quase duas vezes o valor patrimonial.

Não houve erro na fixação do preço de lançamento, como poderia parecer, segundo especialistas consultados. A demanda pelo papel, forte no lançamento, continuou firme no primeiro dia de negociação. O papel teria atraído investidores que não conseguiram alocar todo caixa pretendido no PIBB.

Comenta-se que a demanda foi sete vezes superior à oferta que envolveu 26,758 milhões de ações, equivalentes a 25% do capital total. Segundo algumas fontes, a demanda teria obrigado o rateio nas reservas.

Os números não foram divulgados por Monteiro nem pelo secretário de Fazenda, Eduardo Guardia, por causa das regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mas ficou evidente que os coordenadores da oferta, os bancos UBS e Morgan Stanley, vão exercer a opção de colocar um lote adicional de 4,013 milhões, equivalente a 15%, o que elevará a venda secundária total a 28,75% do capital do banco; e o volume levantado a R$ 953 milhões.

Do total vendido, 60% foram para mãos de investidores estrangeiros (35% americanos e 25% europeus). Dos 40% vendidos a investidores brasileiros, uma parcela de até 20% seria destinada ao varejo. Cerca de 9 mil pessoas físicas compraram os papéis. Para os funcionários, foi destinada uma parcela de 5% (considerando o adicional), com desconto de 15%, o que seria equivalente a 1,5 milhão de ações. Mas, os funcionários investiram R$ 11,5 milhões, o que significa que ficaram com menos de um terço do lote que lhes era reservado.

O sucesso da operação pode tentar o governo paulista a usar a autorização já dada em lei para vender até 49% do capital do banco. Guardia disse que não há uma decisão a respeito e que, de toda forma, legalmente nenhuma nova oferta pode ser feita pelos próximos 180 dias. Ressalvou ainda que a nova oferta só ‘acontecerá em condições favoráveis de mercado’.

A Nossa Caixa programa, porém, para o primeiro semestre do próximo ano, a venda do controle (51%) de sua subsidiária de capitalização, em um modelo semelhante ao que fez neste ano com a empresa de previdência e seguros, cujo controle foi assumido pela seguradora espanhola Mapfre. O Banco Fator prepara a operação. A mesma modelagem deve ser aplicada à empresa de consórcio do banco.

Segundo o diretor financeiro Rubens Sardenberg, a Nossa Caixa pretende focar a atividade bancária, deixando produtos especializados sob a responsabilidade de parceiros. A idéia é transformar a Nossa Caixa em um ‘balcão de negócios’.

(Com Fernando Nakagawa, do Valor Online).