A Unesp e a economia do Interior

A Tribuna - Santos - Artigo - Sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

sex, 12/12/2003 - 10h23 | Do Portal do Governo

José Carlos Souza Trindade

Neste mês de dezembro, quano a Universidade Estadual Paulista (Unesp) realiza seu Vestibular 2004, é satisfatório constatar a oferta de 6.310 vagas para nossos candidatos, um número maior em relação aos vestibulares dos últimos quatro anos. Ao todo, de 2001 a 2003, foram criadas 1.625 vagas e cabe-nos também ressaltar, nesse período, a criação de oito novas unidades em municípios que não dispunham de ensino superior público e gratuito – Dracena, Itapeva, Ourinhos, Registro, Rosana, São Vicente, Sorocaba-Iperó e Tupã -, bem como a criação de novos cursos em campi já existentes.

Este crescimento demonstra um esforço conjunto desta universidade, da Fundação para o Vestibular da Unesp (Vunesp), do Governo do Estado e do Legislativo paulista. A presença da Unesp nos municípios paulistas contribui para o seu desenvolvimento social, com ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade; além disso, registra-se um impacto positivo na economia dessas cidades, com o pagamento de salários de professores e funcionários, investimentos em obras e equipamentos, despesas de custeio e gastos de alunos.

É fundamental apontar aqui o livro Impactos Econômicos da Unesp para os Municípios, lançado pela Editora Unesp em 2003, a partir de estudo realizado pelo economista e professor da Faculdade de Ciências e Letras do campus de Araraquara, José Muran Bovo. De acordo com o estudo, apenas no ano de 2001, os serviços ligados ao trabalho acadêmico contribuíram para movimentar, em 14 municípios, cerca de R$ 573 milhões. Desse total, 86,73% provêm de recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), repassados pelo Governo do Estado. No mesmo ano, o valor do ICMS recolhido pelo conjunto de empresas sediadas nesses municípios atingiu R$ 1,35 bilhão. Conclui-se que, através da Unesp, retornaram a essas mesmas cidades quase R$ 497 milhões, ou 36,56% do ICMS arrecadado.

Em alguns municípios, o total anual de arrecadação foi superado pelos recursos do ICMS repassados aos campi: em Jaboticabal, 228%; em Assis, 259%; em Botucatu, 516%; e em Ilha Solteira, 3.205%.

Números expressivos que não podem ser ignorados.

Há ainda que se considerar, nos 14 municípios pesquisados, as despesas com moradia, alimentação e consumo, efetuadas pelos alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação. Seus gastos, segundo o estudo, atingem R$ 241 milhões, sendo 17,49% em alimentação e 24,19% em aluguel – sem dúvida, forte contribuição aos mercados imobiliários locais.

Ao constatarmos o impacto socioeconômico da Unesp nas cidades em que está localizada, podemos afirmar que, a cada ano, aumenta nossa responsabilidade e nosso compromisso em fazer com que o ensino público superior gratuito e de qualidade esteja cada vez mais próximo de todos os paulistas.

José Carlos Souza Trindade é reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor titular do Departamento de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu).