A supermáquina do Metrô

Jornal da Tarde - Quinta-feira, dia 11 de maio de 2006

qui, 11/05/2006 - 11h32 | Do Portal do Governo

O megatatuzão vai abrir 6,4 km de túneis: começa o trabalho no Largo da Batata e acaba perto da Estação Luz

DANIEL GONZALES

daniel.gonzales@grupoestado.com.br

ENVIADO A SCHWANAU, ALEMANHA

De seus terminais de computador, em uma sala na pequena cidade de Schwanau, no sul da Alemanha, técnicos observam atentamente um gráfico colorido e dezenas de números. Os dados mostram, milimetricamente, a direção para onde avança uma máquina que está trabalhando naquele exato momento a 30 metros de profundidade, rasgando a terra do subsolo e abrindo o caminho para um futuro túnel de metrô. A velocidade e o desempenho dos trabalhos, com precisão, também são acompanhados pelos olhos atentos nas telas.

O fato parece corriqueiro numa grande obra, não fosse o fato de a escavação e os técnicos em questão estarem separados por uma distância de mais de 10.000 km: a máquina, trabalhando no subsolo de São Paulo, na região do Largo da Batata, em Pinheiros (Zona Oeste), operada por brasileiros. Os técnicos, observando tudo na mesma hora em uma sala na Europa.

Essa cena se tornará realidade em breve, quando chegar ao Brasil, no início do segundo semestre, o novíssimo “megatatuzão”, comprado e construído especialmente para as obras de escavação de parte dos túneis da Linha 4 – Amarela (Luz – Vila Sônia) . A superescavadeira, chamada de shield EPB (Earth Pressure Balanced, ou escavadeira de pressão balanceada de terra), foi comprada na Alemanha pelo Consórcio Via Amarela, encabeçado pela construtora Odebrecht, que ganhou a licitação e vem construindo a linha, de 12,8 km, em 27 frentes de trabalho.

O megatatuzão será o responsável por abrir 6,4 km de túneis: começa seu trabalho no Largo da Batata e acaba em um poço próximo da Estação Luz, no Centro. A máquina custou cerca de 30 milhões de euros (R$ 79 milhões) e demorou cerca de dois anos para ser produzida. Já está montada e em fase final de testes antes de ser dividida em partes e trazida ao Brasil, numa operação de transporte que envolverá barcaças, navios e carretas de grandes dimensões.

Por enquanto, o equipamento descansa na fábrica da Herrenknecht AG, na Alemanha, uma das maiores indústrias do mundo de shields. Ali, foi vistoriado há duas semanas por diretores e engenheiros do Metrô de São Paulo e do Consórcio Via Amarela.

Diferentemente de máquinas semelhantes utilizadas ou em uso nas escavações dos túneis do Metrô paulistano, o novo equipamento ganhou o apelido de megatatuzão, primeiro, pelo tamanho: tem diâmetro de perfuração de 9,45 metros que permite cavar um túnel onde caberão as duas vias paralelas para os trens do Metrô, com diâmetro final de cerca de 8,3 metros. Os equipamentos antecessores conseguiram perfurar o diâmetro para uma via só.

Depois, porque além do monitoramento a distância, via modem, diretamente da fabricante – o que permite a solução instantânea de qualquer problema técnico – o megatatuzão dispõe de sistemas digitais que controlam com diferença quase igual a zero, em relação ao projetado, a trajetória no subsolo paulistano.

Trabalhando a 30 metros de profundidade e avançando, em média, 10 metros por dia, a máquina tem computadores de orientação de direção, que funcionam projetando um alvo de raio laser em vários pontos do solo a ser escavado.

Viagem a convite do Consórcio Via Amarela e do Metrô