Editorial
A inauguração da primeira eclusa do Tietê em perímetro urbano, assim como os progressos na sua despoluição, confirma que a recuperação desse rio, na origem da qual está uma campanha lançada pela Rádio Eldorado, é uma das mais bem-sucedidas iniciativas da administração estadual, em especial a partir do governo Mário Covas.
Ao colocar em operação a eclusa, que integra o programa estadual de combate às enchentes, o governador Geraldo Alckmin chamou a atenção para o fato de que ela possibilitará, de imediato, retirar com embarcações os detritos acumulados no leito do rio, dispensando o uso de caminhões para essa tarefa e aliviando o trânsito na Marginal.
Outro aspecto importante dessa obra é que ela tornará possível também a navegação do Tietê num trecho de 40 quilômetros entre a Barragem Edgar de Souza, em Santana do Parnaíba, e a Barragem da Penha. Além da eclusa, foram entregues pelo governador dois carregadores de fundo para controle das águas.
Os investimentos no programa de combate às enchentes são da ordem de R$ 731 milhões, dos quais R$ 537 milhões financiados pelo Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e R$ 194 milhões do governo do Estado. Já o programa de despoluição, iniciado há dois anos e com conclusão prevista para 2006, está orçado em R$ 1,2 bilhão – 50% do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 25% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 25% da Sabesp.
Para depois que for concluída a obra de ampliação e aprofundamento da calha do rio, o governo do Estado planeja a criação de uma hidrovia metropolitana para o transporte de passageiros e cargas pelo Tietê, da qual o trajeto de 40 quilômetros que a eclusa tornou navegável será o primeiro trecho. O projeto, para o qual se estuda a participação da iniciativa privada, por meio de concessão ou permissão, permitirá a absorção de parte da demanda atual de passageiros e cargas. Lembram os técnicos que, além de sua comprovada eficiência, o transporte hidroviário, substituindo caminhões e automóveis, ajudará a reduzir o consumo de combustível, a emissão de poluentes e os congestionamentos.
Repetir no Tietê o que ocorre nos Rios Hudson (Nova York), Tâmisa (Londres) e Sena (Paris) – para citar três exemplos -, intensamente usados como hidrovias metropolitanas, já não é uma miragem, como há alguns anos. Mas, para que isto se torne realidade, num prazo razoável, é indispensável que este e os futuros governos continuem firmes na luta pela recuperação e aproveitamento do Tietê.