A melhor cidade do país em tratamento de água e esgoto

Brasil Econômico

qui, 26/11/2009 - 18h18 | Do Portal do Governo

Franca fez fama como polo calçadista de São Paulo. Hoje, é exemplo de saneamento básico.

Franca, município do interior de São Paulo conhecido principalmente por abrigar um dos maiores polos calçadistas do país, está localizada numa região montanhosa do estado que dificulta em tudo a coleta e a distribuição de água entre seus moradores. Ainda assim, a cidade de 340 mil habitantes figura hoje como a melhor do país em serviços de saneamento – o que reúne um conjunto de fatores que vai desde fornecimento de água e coleta de esgoto até controle de perdas e política de tarifas.

“Franca está acima dos índices recomendados pelo OMS (Organização Mundial de Saúde) e se aproxima de níveis europeus”, diz Raul Pinheiro, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, responsável pelo estudo que levantou todos os dados do Ministério das Cidades, de 2003 a 2007 (divulgação mais recente do órgão), acerca das condições de 79 cidades do país de médio e grande porte.

De acordo com a OMS, o mínimo tolerável em uma cidade para que viva em boas condições de saúde é que 80% de suas residências tenham serviço de esgoto. Nos Estados Unidos, Japão e Europa, regiões onde o crescimento da população já é muito pequeno, não resta uma casa sem coleta há tempos. No Brasil, há uma média vergonhosa de 50% – ou seja, metade da população ainda tem seus resíduos jogados em rios ou fossas de forma indevida.

Segundo rio

Em Franca, o serviço de coleta está em 97%, no rastro do tratamento de água, que chega devidamente limpa a 100% dos domicílios. Foi com um plano de expansão de sua rede acima do ritmo de crescimento da população que Franca conseguiu, aos poucos, universalizar os serviços. “Quando a Sabesp (companhia estadual responsável pelo saneamento da cidade) chegou em Franca, em 1977, só 70% das casas tinham água na porta e a coleta de esgoto era de só 50%. Tratamento de esgoto era zero”, conta o superintendente da Sabesp de Franca, João Baptista Comparini. “A população então era de 120 mil habitantes. Hoje é de 340 mil, quase o triplo, e estes serviços chegam a todo mundo.”

Com difícil acesso por conta da topografia, a água que abastece a cidade é retirada de um rio a 15 quilômetros de distância, e tem que ser bombeada 400 metros morro acima, até alcançar a cidade.

Para dar conta do ritmo de crescimento, a cidade licitou recentemente a obra para coleta e transporte de água de um segundo rio para a cidade, a 25 quilômetros, concorrência que atraiu a inscrição de 12 consórcios privados. “A atual base que temos não suporta uma população muito maior que 340 mil pessoas, por isso estamos ampliando”, explicou Comparini.

Foi nesse ritmo que a cidade com vocação para indústria calçadista saiu do 25º lugar, posição em que estava em 2003, para liderar o pódio do país. Por outro lado, foi justamente a paralisia nos investimentos que derrubou o campeão de seis anos atrás: o Rio de Janeiro era o primeiro em 2003, e hoje amarga a 36ª posição. Aliás, é do estado fluminense que vem o pior desempenho – das dez piores cidades, quatro são de lá.