A limpeza da calha do Tietê

O Estado de S.Paulo – Terça-feira, 22 de abril de 2008

ter, 22/04/2008 - 9h03 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

 O governo do Estado de São Paulo desistiu de constituir Parceria Público-Privada (PPP) para a manutenção das obras de aprofundamento e alargamento da calha do Rio Tietê, concluídas em 2006 e que reduziram de 50% para 1% a probabilidade de inundações nos bairros cortados pelo rio. Buscará financiamento externo e atualmente pesquisa formas de redução de custos por meio do reaproveitamento dos detritos retirados do leito para incumbir-se, por conta própria, do desassoreamento do rio. Assim, os 40 quilômetrosdo Rio Tietê, entre as Barragens da Penha e de Edgard de Souza, serão um canteiro de obras permanente para o governo paulista, a partir do ano que vem.

Até o início de 2009, os trabalhos de desassoreamento, que são feitos apenas em alguns pontos do rio, se estenderão por toda a sua extensão, para manter em bom estado a calha que foi aprofundada e alargada nos últimos anos.

Desde dezembro, R$ 4,8 milhões vêm sendo aplicados pelo governo estadual na manutenção de paisagismo nas margens do Tietê. O projeto, iniciado em 2005, incluiu a plantação nas margens de 130 mil metros quadrados de grama e de 4 milhões de mudas de árvores que alcançarão 30 metrosde altura, além de arbustos. Além da função estética, o paisagismo ajuda a fixar o solo das margens, evitando que as chuvas carreguem detritos para o leito do rio.

“Estamos fazendo um enorme esforço para cuidar desse patrimônio de todos os paulistas”, afirmou a secretária de Saneamento e Energia, Dilma Seli Pena, há dias, em visita aos jardins na beira do rio.

Em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT/USP), o governo estadual pretende reduzir em 30% os altos custos da manutenção da calha, reaproveitando os detritos dragados do rio. Areia para construção civil, por exemplo, é um dos produtos que poderão ser aproveitados depois da reciclagem.

O governo estadual buscará completar o financiamento da operação de manutenção com organismos como o Japan Bank of International Cooperation (JBIC), principal financiador do Projeto Tietê, ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apenas para a retirada do lixo que as chuvas levam para o Tietê, assoreando seu leito, estima-se a necessidade de investimentos de pelo menos R$ 30 milhões ao ano.

No período de 2002 a2006, um total de 10 milhões de metros cúbicos de sedimentos, rochas, detritos e lixo foram retirados do rio. Naquele período, diariamente, foram removidas 12 toneladas de detritos – inclusive 1,5 tonelada de garrafas PET, sacos plásticos, móveis, carcaças de automóveis e todo tipo de lixo. Mais de 120 mil pneus foram tirados das águas do Tietê durante os trabalhos que aprofundaram em 2,5 metrosa calha do rio e ampliaram sua largura de 22 metros para 46 metros. Foi gasto US$ 1,1 bilhão na obra que poupou a cidade de São Paulo e grande parte da região metropolitana de muitos dos transtornos provocados pelas enchentes.

Na conclusão dos trabalhos, o então governador Geraldo Alckmin anunciou que um consórcio se encarregaria da manutenção da calha e autorizou a Secretaria de Energia a realizar estudos para a constituição de uma PPP. Os serviços incluiriam o paisagismo, a limpeza dos taludes, das barragens, do revestimento das margens e o monitoramento da qualidade das águas dos afluentes.

Diante do desinteresse do setor privado, no entanto, o governo decidiu assumir a tarefa. No fim de 2007, antes do período das chuvas, tratou de limpar as entradas dos principais afluentes do Tietê – Córregos Tiquatira e Tatuapé e Rios Tamanduateí e Aricanduva, entre outros – e iniciou a manutenção do paisagismo, dos taludes e do revestimento das margens.

O presidente do DAEE, Ubirajara Tannuri Felix, espera, até fins de maio, terminar os trabalhos de análise de custos e de operação dos serviços de limpeza para, então, contratar por meio de licitação os serviços de manutenção dos 40 quilômetrosde calha, desde a Penha até a barragem de Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba.