A dengue no inverno

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 15 de julho de 2008

ter, 15/07/2008 - 9h28 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

O governo do Estado de São Paulo não afrouxará o combate à dengue durante os meses de inverno e primavera, época em que as estatísticas da doença retrocedem e, normalmente, a vigilância sanitária reduz as ações de prevenção. A Campanha de Combate à Dengue no Inverno prevê a incorporação de cerca de mil bolsistas do Programa Emergencial de Auxílio-Desemprego, da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, nas ações de combate e o disparo de torpedos – mensagens escritas enviadas por celular – para a população, com esclarecimentos sobre meios de prevenir a doença. O agravamento da situação epidemiológica verificado nos últimos anos exige o reforço e a continuidade das operações de prevenção. Invernos atípicos, com longos períodos de temperaturas mais elevadas, favoreceram as condições de proliferação do mosquito Aedes aegypti e aumentaram a infestação no verão.

Ao lançar o programa, o governador José Serra afirmou que a incidência da dengue no Estado ficou bem abaixo da registrada no restante do País. De fato, São Paulo reduziu em 97,1% o número de casos de dengue no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde, de janeiro a março de 2008, ocorreram 1.297 casos da doença no Estado. No mesmo período do ano passado, houve 44.760.

Mas, apesar dos números, “não dá para cantar vitória”, afirma o governador. Assim, foram reunidos recursos das Secretarias da Saúde e do Emprego e Relações do Trabalho para ajudar 33 municípios em 6 regiões do Estado no combate à doença durante o inverno. As equipes visitarão casas, inspecionarão imóveis propícios à criação do mosquito – como cemitérios, depósitos, ferros-velhos e galpões comerciais e industriais – e orientarão a população.

Atuarão nas cidades que apresentaram altos índices de transmissão de dengue em 2007 e no início do ano ou que apresentam grande fluxo de pessoas em razão da atividade turística, comercial ou educacional. Municípios com dificuldades para organizar equipes de controle da dengue também serão auxiliados pelo governo estadual. As demais cidades paulistas continuarão recebendo apoio do Estado por meio das equipes regionais da Sucen.

Para as localidades onde a doença não retroceder durante o inverno, a Secretaria da Saúde enviará o Esquadrão Anti-Dengue com mais 114 agentes especiais que ficarão sediados em Sorocaba, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, mas poderão atuar em todo o Estado. É preciso notar que, por lei, a vigilância epidemiológica é de competência da administração municipal. Cabe às prefeituras eliminar vetores e criadouros e controlar os índices de infestação. O papel do governo do Estado é o de coordenar ações e serviços suplementares, quando necessário.

Além de combater o mosquito transmissor da dengue, no entanto, há outras ações de saúde pública atribuídas aos municípios – que nem sempre dispõem de orçamento e estrutura para isso. Uma delas é a prestação de atendimento rápido e eficaz em casos de epidemias. Para complementar a atuação dos municípios carentes, a Secretaria da Saúde fará planos de contingência, com o objetivo de assegurar diagnóstico precoce, evitar mortes e melhorar o fluxo de informações de casos suspeitos entre os municípios e o Estado.

Profissionais serão treinados e o governo adquirirá 200 mil kits para hemogramas e outros exames, além de equipamentos de hidratação. Mais de 50 municípios com população superior a 50 mil habitantes, selecionados entre os que apresentaram volume considerável de casos de dengue desde 2000 – mais de 300 casos por 100 mil habitantes -, receberão esse tipo de auxílio.

No ano passado, em alguns Estados – como o Rio de Janeiro – o combate à dengue foi afrouxado durante os meses de inverno e primavera. O resultado foi o recrudescimento da epidemia. Em São Paulo, o combate ao vetor da doença tem sido constante e a redução do número de casos de dengue comprova o acerto dessa política.