A comunidade parceira da polícia

Jornal da Tarde - 2/12/2002

seg, 02/12/2002 - 11h09 | Do Portal do Governo

Os excelentes resultados do Disque-Denúncia, que comemora seu segundo aniversário, são mais uma prova de que a participação da comunidade é um elemento decisivo no combate ao crime. Até o último dia 21, esse serviço – que é uma iniciativa da sociedade civil, criado em outubro de 2000 pelo Instituto São Paulo Contra a Violência – recebeu 99.810 denúncias que ajudaram a polícia a realizar 2.597 prisões e 883 apreensões de drogas, a liberar 9 vítimas de seqüestro e a recuperar 389 veículos roubados ou furtados. Foram também apreendidas 503 armas.

O apoio crescente da comunidade é a melhor garantia de que esse serviço veio para ficar e desempenhar um papel cada vez mais ativo e importante na luta contra o crime. ‘Aos poucos fomos ganhando credibilidade e hoje sentimos que já contamos com a confiança da população’, afirma Cássio João Motta Vecchiatti, vice-presidente do instituto e coordenador do Disque-Denúncia. O número de denúncias vem crescendo rapidamente. Entre 1º de janeiro e 25 de novembro de 2001, o serviço recebeu 19.941 ligações. Esse total pulou para 65.118 no mesmo período de 2002, o que representa um aumento de nada menos que 226,5% no curto prazo de um ano.

As denúncias, protegidas pelo anonimato, são triadas e em seguida enviadas para atendimento de acordo com orientação traçada pelas Polícias Civil e Militar. O denunciante recebe uma senha que lhe permite verificar as providências tomadas pelas autoridades com base nas informações que forneceu, uma providência que aumenta a credibilidade do serviço.

O êxito do Disque-Denúncia é uma demonstração de que, quando a população sente que pode colaborar com a Polícia, sua adesão à luta contra os bandidos é franca e imediata. Isso na verdade nada tem de surpreendente, sobretudo no que se refere aos mais pobres, pois estes são as principais vítimas da violência e nada mais natural que participem, como uma reação elementar de autodefesa, do combate à criminalidade, cujos altos índices estão transformando nossas grandes cidades em autênticos campos de batalha. Ao contrário do que diz o discurso ideológico segundo o qual o crime nasce da pobreza, e portanto os pobres são candidatos quase naturais à bandidagem, a realidade é que as populações carentes são as que sofrem mais com a sanha dos criminosos.

A guerra contra o crime, que se transformou num dos maiores problemas do País, só será vencida por meio de uma estreita colaboração entre as vítimas – a população, sobretudo suas camadas de renda mais baixa – e o aparelho policial. A experiência dos países que vêm obtendo os maiores êxitos nesse campo, em especial os Estados Unidos, não deixa dúvida de que o apoio da comunidade – e também lá os mais pobres são os mais expostos ao crime e os que mais colaboram com a polícia – é essencial. Sem ele, por maiores que sejam os contingentes policiais e por mais sofisticados que sejam os equipamentos de toda ordem colocados à sua disposiço, os resultados serão sempre limitados.