O Hospital A.C. Camargo (antigo Hospital do Câncer), em São Paulo, anunciou ontem que pretende investir R$ 14 milhões na construção de um centro de pesquisa e ensino ainda neste ano. Atualmente, toda a ciência feita na instituição – que recebeu duas vezes a mais alta nota de avaliação federal em oncologia – fica pulverizada em salas espalhadas pelo hospital.
O projeto prevê nove andares, com laboratórios e salas para os cursos de pós-graduação. O hospital também fechou uma parceria em novembro com o MD Anderson Cancer Center, dos EUA, atualmente o maior hospital oncológico do mundo e uma referência em pesquisa.
No ano passado, o A.C. Camargo encerrou uma parceria de 23 anos com o Instituto Ludwig, uma das mais importantes instituições internacionais de estudos oncológicos. O Ludwig, que alegou precisar de mais espaço, aceitou o convite do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e se mudou para lá. Uma série de pesquisas que já era conduzida com o A.C. Camargo permaneceu. ‘O convênio de cooperação científica com o Ludwig continua’, diz o presidente do conselho do hospital, Ricardo Renzo Brentani.
Ele afirma que, com o MD Anderson, o primeiro projeto deve ser um estudo oncogenético sobre o câncer de próstata. ‘Este é um hospital e, como tal, deve trazer contribuições clínicas com a pesquisa. É preciso fazer ciência que impacte a forma como o paciente é tratado.’
Ironicamente, em 2003, o MD Anderson fechou uma parceria com outro hospital de São Paulo (o Albert Einstein), tendo como modelo justamente a então parceria bem-sucedida entre o A.C. Camargo e o Instituto Ludwig.
Uma das razões alegadas para o investimento na construção do centro, segundo Brentani, é a mudança do perfil do paciente, que hoje busca informações sobre o médico e sua doença na internet ‘e chega à consulta com uma pasta debaixo do braço’. ‘Ele quer gente que agregue mais informações’, afirma.
A idéia é continuar as pesquisas nas áreas em que a instituição vê mais oportunidade. ‘Não adianta tentarmos entrar na pesquisa sobre câncer de mama, pois já há importantes centros científicos de todo o mundo nesse campo. Seríamos massacrados’, diz Brentani. As áreas preferenciais, em princípio, serão tumores de cabeça e pescoço, pênis e intestino.
Além do investimento próprio, o hospital foi a instituição privada que mais recebeu recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em 2006 e 2007. Em 2008, Brentani espera – cruzando os dedos – que o quadro se repita.
EXCELÊNCIA R$ 14 milhões
é o valor que será investido na construção do centro de pesquisa
2 notas máximas
foram atribuídas pela Capes ao A. C. Camargo por seu curso de Especialização em Oncologia
120 artigos
foram publicados em 2007 pelo hospital em revistas internacionais