A arte moderna no parque

Jornal da Tarde - Domingo, dia 21 de janeiro de 2007

dom, 21/01/2007 - 11h09 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Passeio educativo de férias: MAM

MARIA REHDER

maria.rehder@grupoestado.com.br

Aproveitar as férias escolares para fazer um passeio educativo ao Parque do Ibirapuera. No entanto, em vez de apenas aproveitar a natureza, a sugestão é que os visitantes se planejem para conhecer o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

Essa opção de lazer educativo é proposta pelo JT, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Ensino e Normas Pedagógicas (Cenp) e da Diretoria de Projetos Especiais da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE).

INTRODUÇÃO

O projeto “Encontros com a arte”, realizado no MAM, é uma iniciativa do projeto “Escola vai ao museu”, realizado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com instituições museológicas do Estado.

Instituída em 2002, essa ação atendeu 1.034 educadores e 42.861 alunos da rede estadual de ensino até fim do ano passado. O desenvolvimento dessas visitas educativas visa ao aperfeiçoamento das práticas pedagógicas de educadores e, inclusive, do processo de aprendizagem dos alunos por meio de três instâncias de trabalho: capacitação de professores, visitas monitoradas e material didático pedagógico de apoio tanto para o professor quanto para o aluno.

HISTÓRIA

O MAM foi fundado em 1948, quando Francisco Matarazzo Sobrinho resolveu abrir ao público a sua coleção particular, uma das maiores do Brasil de arte moderna na época. Em seguida, em 1951, instituiu a Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Artistas do mundo inteiro passaram a expor seus trabalhos nessa exposição, cuja premiação, denominada Prêmio Aquisição, consistia na compra das obras eleitas por um júri para anexação ao acervo do museu. Dessa forma, o MAM chegou a ter obras de Picasso, Miró, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, entre muitos outros. Mas, no início da década de 60, o MAM perdeu esse acervo e quase deixou de existir porque Matarazzo resolveu doar sua coleção à Universidade de São Paulo (USP) e, com ela, fundou o Museu de Arte Contemporânea (MAC).

Sem sede nem acervo, o MAM enfrentou o desafio de configurar uma nova coleção. Apesar de já ter sido o maior expoente da arte moderna brasileira, o museu optou por voltar a atenção ao que estava acontecendo com a arte brasileira naquele momento e com o que aconteceria com ela dali em diante. Por isso, o atual acervo do MAM representa hoje um panorama das últimas décadas da arte brasileira, como uma reflexão sobre os caminhos que essa produção tomou com um olhar para o futuro.

OBJETIVO

O principal objetivo desse passeio é lançar um olhar investigativo e reflexivo sobre arte moderna contemporânea. A arte contemporânea possibilita o exercício do pensar e da construção do sentido. Mas, para isso, o espectador necessita relacionar-se com esse objeto de modo ativo. Esse é um posicionamento importante para que a obra exista e cumpra parte de seu propósito: compartilhar a cultura e colocar o sujeito em contato com as questões presentes no mundo.

Para a realização dessa atividade é necessário levar um bloquinho e um lápis para anotações.

DESENVOLVIMENTO

Uma das obras que mais chamam a atenção de fora do MAM é a Aranha, uma enorme escultura de Louise Bourgeois, em bronze (XXIII Bienal, 1996), adquirida pelo Banco Itaú e exposta no museu por comodato.

Será que essa obra não serve de convite às pessoas que passeiam pelo parque a entrarem no museu? Imagine vê-la de perto. Será que essa não seria uma obra diferente?

É neste contexto que o passeio educativo de hoje propõe aos visitantes do MAM um exercício de olhar esta obra para buscar as respostas aos seguintes questionamentos: 1) quais idéias a artista teve ao fazê-la, levando em conta que Bourgeois trabalha com elementos do mundo feminino?; 2) é possível imaginar que esse animal gigantesco seja assustador, mas, ao mesmo tempo, também seja acolhedor?; 4) sabemos que uma aranha constrói teias com a sua saliva, usando como instrumento suas patas. A mulher não faz algo parecido quando costura?; 5)existe algo na forma da Aranha de Bourgeois que lembre a costura?

Após realizar esses questionamentos, o responsável pela realização do passeio – seja ele um pai ou um professor – deve solicitar para cada visitante fazer um desenho de observação da Aranha. É necessário pedir ao grupo para focar apenas em um pedaço da escultura, como uma pata ou outra parte do corpo. Imagine-se bem debaixo dela. Aproveite para perguntar a todos qual seria a sensação de estar embaixo dessa aranha?

PAPEL DO EDUCADOR

O educador tem papel fundamental antes, durante e depois de uma visita a um museu. Por isso, é importante que ele: 1) obtenha informações sobre o museu antes da visita; 2) prepare a visita juntamente com o grupo, fazendo relações interdisciplinares; 3) se esse educador for um professor, que exerça o papel de intermediário na inter-relação museu, arte, aluno e escola; 4) seja multiplicador conceitual da arte moderna contemporânea, que ainda encontra barreiras para sua aceitação enquanto manifestação artística ou até mesmo como manifestação sociopolítica; 5) reconheça que a arte moderna contemporânea tem caráter multidisciplinar e este não acontece somente nos museus, como também nos diversos espaços sociais.

BIBLIOGRAFIA

BAUMGART, Fritz. Breve História da Arte.Tradução Marcos Holler. São Paulo: Martins Fontes,1999.

Série Idéias nº 31. Educação com Arte. São Paulo, FDE, 2004

Expedições Culturais: Guia Educativo de Museus do Estado de São Paulo. São Paulo, FDE, 2003

TIRAPELI, Percival. Arte Moderna e Contemporânea. Coleção Arte Brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 2006.

TEIXEIRA DA COSTA, Cacilda. Arte no Brasil 1950-2000. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2004.

Equipe pedagógica: Devanil Tozzi, Lizete Freire Onesti, Izis Cerqueira César, Marilena Bocalini, Silvio Sano, Wania Torres (FDE- Assessoria de Comunicações); Roseli Ventrella e Suzana Rigo (Cenp); Luciana Pasqualucci e Laima Leyton(MAM).