3,5 bi de litros d’água desviados

Jornal da Tarde

ter, 02/03/2010 - 7h53 | Do Portal do Governo

Perda na Grande SP em 2009 daria para abastecer São José dos Campos por um mês

Cerca de 3,5 bilhões de litros de água foram desviados da rede de abastecimento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Região Metropolitana no ano passado. O volume é suficiente para abastecer, por um mês, uma cidade do porte de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, que conta com 616 mil habitantes.

Além dos prejuízos financeiros – R$ 18,5 milhões deixaram de ser pagos à companhia no período -, as ligações clandestinas podem contaminar a rede de abastecimento, comprometer a distribuição, deixando milhares de pessoas a seco, e provocar infiltrações no solo que colocam os imóveis sob risco de desabamento.

De acordo com o balanço divulgado ontem pela Sabesp, o fraudador típico mora na região de atendimento da unidade central da companhia (abrange de Lapa a São Mateus) e viola o hidrômetro de sua casa para baixar ou não pagar os gastos com água.

Entre os 17.296 “gatos” identificados no ano passado, 84% deles (14.534) estavam em imóveis residenciais e 10% nos comerciais. Nas empresas, 7% das ligações eram irregulares e nas indústrias, o número cai para 1%.

A fraude mais comum é a violação do hidrômetro, usando recursos como a perfuração do mostrador ou a manipulação do equipamento. Foram identificados 9.217 casos desse tipo, o equivalente a 53% das fraudes.

As ligações clandestinas são responsáveis por 36% das irregularidades na rede – ou 6.258 “gatos” – e são as mais preocupantes. Feitas diretamente no ramal, podem gerar infiltrações ou contaminar todo o sistema de uma região.

A inversão do hidrômetro (o consumo é reduzido ao invés de somado) responde por 7% das irregularidades e o chamado “bypass”, em que a água é desviada antes de atingir o hidrômetro, representa 3,5% das fraudes.

Evitar fraudes

Para evitar golpes e prejuízos, a Sabesp leva aos fabricantes dos hidrômetros as irregularidades frequentemente detectadas e as empresas desenvolvem novos aparelhos para coibir as fraudes.

Duas dessas modificações foram feitas há alguns anos, a exemplo da substituição da tampa do registro de plástico para vidro (para evitar que fosse perfurado com agulha e tivesse o medidor adulterado) e a inserção de um anel (preto ou vermelho) embaixo do registro, que funciona como um lacre: se for violado, não pode ser recolocado. “Mas a população é muito criativa e arruma um jeito de burlar o aparelho”, observa José Antonio Soares Oliveira, gerente da Divisão de Consumo da Sabesp.

Assim, mesmo que os dispositivos auxiliem na redução das infrações, a checagem da média histórica e a fiscalização de campo ainda são os meios mais eficazes para reprimir as fraudes.

Denúncias anônimas sobre ligações clandestinas em todo o Estado podem ser feitas gratuitamente pelo telefone 181.