24 chamadas por minuto

Revista Veja São Paulo - 27 de agosto de 2008

dom, 24/08/2008 - 12h34 | Do Portal do Governo

Revista Veja São Paulo – 27 de agosto de 2008

Nesta e nas páginas a seguir, alguns exemplos de diálogos entre os atendentes e os cidadãos

5h06 de domingo (17)

– Está pegando fogo no Teatro Cultura Artística.

– Já acionaram os bombeiros?

– Não sei. Mas tem fumaça entrando no meu apartamento.

– Qual é o endereço?

– É o Teatro Cultura Artística, o mais famoso da cidade. Fica na Rua Nestor Pestana, 196. Está pegando fogo.

– Senhora, vamos transferir a requisição para os bombeiros e atender ao chamado.

O incêndio iniciado no palco destruiu o teatro, dois pianos e os cenários das peças O Bem Amado e Toc Toc. Sete pessoas ligaram para o 190 relatando o fato. O edifício inaugurado em março de 1950 deve ser reconstruído.

Marido traído

2h40 de sábado (16)

– Eu ia passando na rua e minha mulher deu confiança para uns caras no bar. Depois entrou lá e ficou agarrando eles.

– Já que sua esposa preferiu ficar com os rapazes, o senhor deveria conversar com ela em outra ocasião. Não hoje.

– Então ela é uma vagabunda, não é?

– Aí não sei, senhor.

– Estou avisando porque ninguém quer passar por essa situação, né?

– Senhor, é melhor voltar para sua casa.

– Eu ia para casa.

– Continue indo.

– Não é a primeira vez que ela dá asa para os caras. Não vou mais ficar com ela. Não tenho sossego. À noite, ligam procurando por ela.

– Se ela gosta de curtir a noite com os rapazes, o senhor não deveria manter essa relação.

– Ela não gosta de mim. Descobri isso agora.

– É melhor deixá-la aí e seguir para casa. Tudo bem?

– Não está bem. Se eu chamei a polícia era para fazer alguma coisa.

– Senhor, a polícia não pode retirar a sua mulher da companhia dos rapazes se ela prefere ficar lá.

– É. Não há o que fazer. Deixa para lá.

Neste caso, não foi enviada viatura e o senhor de 67 anos disse que voltaria para casa sem a mulher, de 31.

Bebê precisa de socorro

15h04 de sábado (16)

– Moço, minha amiga acabou de ganhar nenê aqui.

– O que aconteceu?

– Minha amiga veio me visitar e acabou tendo o bebê.

– A senhora já chamou os bombeiros?

– Não deu tempo, o nenê nasceu agora mesmo. Tá tudo cheio de sangue.

– Ela está bem? O bebê está bem?

– É, o bebê já saiu, mas está tudo cheio de sangue.

Estamos com medo de pegar. O cordão está em volta do pescoço.

– Fique calma. Estamos enviando uma viatura. Agora vou transferir a senhora para os bombeiros. Eles vão ajudar.

– O senhor já está transferindo?

– Sim. Neste minuto.

Às 15h32, o bebê Kayo Miguel (ao lado, com a soldado Paula Leite) foi levado para o Hospital Geral de Taipas. Ele e a mãe passam bem.

Tentativa de assalto frustrada

9h52 de sábado (16)

– É… Bom-dia. Houve uma tentativa de assalto aqui em frente à FMU.

– Qual o endereço, senhor?

– Avenida Liberdade com Rua Fagundes. Nós pegamos o suspeito e ele está parado aqui.

– Vocês estão detendo o suspeito?

– Sim. Nós vimos o elemento roubar a bolsa de uma senhora aqui. Corri atrás dele e o peguei.

– Estamos mandando uma viatura agora mesmo.

– O.k., obrigado. (Em seguida, ouve-se o “herói” dizendo, ao fundo: “Aí, otário, se deu mal hein?”)

Professor de educação física liga para avisar que ele e mais dois amigos detiveram um homem que havia tentado roubar a bolsa de uma senhora na Avenida Liberdade, no centro. Os três fazem pós-graduação na FMU e estavam diante da faculdade quando viram o roubo. Perseguiram o gatuno, conseguiram imobilizá-lo e ficaram com ele até a chegada da polícia, como mostra a foto acima, às 9h54.

Estelionato via celular

17h30 de sábado (16)

– Recebi uma mensagem no celular dizendo que eu fui contemplada em uma promoção do Banco PanAmericano, do SBT e da TIM, mas desconfio que é golpe.

– O que houve? – Liguei para o número que aparece na mensagem e atendeu uma pessoa que se identificou como diretor do SBT. Ele me pediu para comprar 200 reais em créditos de celular. Você sabe se é trote?

– A senhora chegou a comprar algo? – Comprei os cartões de recarga, mas não liguei de volta para informar os números.

– É um trote. Se a senhora não se inscreveu em nenhuma promoção, não tem como ter sido contemplada. – Mas achei que fosse uma promoção da TIM.

– Trata-se de uma tentativa de estelionato. Anote o número do telefone que apareceu no seu celular e dirija-se a uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência.

De acordo com o Copom, esse tipo de golpe é aplicado por detentos, que ligam para consumidores e os fazem comprar créditos de celular para eles.

Cachorro morre após tomar vacina contra raiva

12h12 de sábado (16)

– Alô. Minha cachorra tomou vacina anti-rábica na escola aqui perto e morreu a caminho de casa.

– O que aconteceu? Ela estava passando mal antes de ser vacinada? – Não, ela estava sadia. Ela tomou a vacina e cinco minutos depois começou a se debater. O cara que deu a vacina falou que não tem culpa.

– A senhora está no local em que ela tomou a vacina? – Não, estou na minha casa. Mas o pessoal que deu a vacina ainda está lá na escola. Tem como resolver isso?

– Então, senhora, volte para a escola que nós estamos enviando uma equipe para averiguar.

Depois de vinte minutos, uma viatura chegou ao local e orientou a dona do cão a registrar um boletim de ocorrência e dirigir-se ao Centro de Controle de Zoonoses.

Acidente no Jardim Europa

4h55 de sábado (16)

– Houve um acidente aqui na Avenida Europa.

– Próximo a qual número, senhor? – No cruzamento com a Rua Groenlândia.

– Há vítimas no local? – Um dos carros capotou e o motorista permanece no local. Mas ele aparenta estar bem.

– O motorista precisa de socorro médico? – Acho que sim. Quanto tempo vocês demoram para chegar?

– A viatura está a caminho. Agora vou transferir o senhor para o Corpo de Bombeiros. Aguarde na linha, por favor. – O.k.

O motorista do Citroën Xsara acima bateu em dois veículos e capotou. Socorrido por uma ambulância e duas viaturas da PM – que chegaram quatro minutos depois –, aparentava estar sem ferimentos, mas foi encaminhado ao hospital.

Apedrejamento de ônibus na Zona Norte

19h16 de sábado (16), após jogo do Corinthians no Pacaembu

– Alô! Estou num ônibus que está sendo atacado pela Gaviões da Fiel!

– Onde a senhora está? – Avenida Nossa Senhora do Ó, altura do número 100. Socorro! Manda alguém para cá!

– O ônibus foi apedrejado, é isso? – Estou dentro do ônibus Morro Grande, que foi apedrejado por torcedores ao passar aqui na avenida. Socorro!

– Me dá uma referência de onde a senhora está. – Nossa Senhora do Ó, meu filho! Tá ouvindo os gritos? Eu não estou brincando!

– Sim, estou ouvindo. Peça para o motorista parar e aguardar a viatura aí no local. – Gente, eu tô tremendo! O ônibus já está indo embora, manda alguém para cá logo!

– O.k., senhora, a viatura já está a caminho.

A polícia foi acionada e chegou ao local em cinco minutos, com cinco viaturas e quatro motos de apoio. O ônibus da linha 917 M saiu em disparada. Todos os torcedores foram revistados e em seguida liberados.