12 mil brinquedos apreendidos em SP

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 16 de agosto de 2007

qui, 16/08/2007 - 14h42 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Confira a lista dos brinquedos que oferecem risco às crianças

Nos cinco primeiros meses do ano, o Instituto de Pesos e Medidas de São Paulo (Ipem) apreendeu 12.807 brinquedos, vendidos apenas em lojas regulamentadas do Estado, que não possuíam o selo de segurança e ofereciam riscos às crianças. O número de apreensões até junho já é mais do que o dobro do total do ano passado, quando foram tirados das prateleiras 6.754 bonecas, jogos e carrinhos.

Segundo a supervisora técnica de Serviços do Ipem, Ivete Boldrini, os brinquedos ocupam o topo da lista de fiscalização. ‘Como são mercadorias voltadas às crianças, há uma intensificação’, disse ela que creditou o aumento de produtos recolhidos aos constantes lançamentos de brinquedos no mercado. ‘Todo dia chega um produto novo que precisa de inspeção.’

O perigo que as pequenas peças oferecem veio à tona mais uma vez, com o anúncio de recall de 850 mil brinquedos feito anteontem pela fábrica Mattel, em produtos vendidos no Brasil desde 2002. São 39 modelos, sendo 33 da linha boneca Polly, que possuem ímãs que se desprendem e podem ser engolidos pelas crianças. Apesar de não haver registro de vítimas no País, três crianças dos Estados Unidos, entre 2 e 8 anos, precisaram passar por cirurgias após a ingestão do ímã.

Para a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro-Teste), não há um controle efetivo de acidentes provocados pelo consumo de produtos infantis no País. ‘Não há um canal direto entre os hospitais, que atendem vítimas que engoliram peças, ficaram intoxicadas ou se machucaram com os brinquedos, e os fabricantes desses produtos’, critica coordenadora institucional da entidade, Maria Inês Dolci. ‘No caso dos brinquedos que estão no recall, é preciso prevenir os acidentes. Os pais que ainda não devolveram o produto, devem tirá-los do alcance e escondê-los das crianças’, orienta.

Há três anos, a Pro-Teste realizou uma pesquisa em três hospitais da Capital, o Hospital São Paulo, a Santa Casa e o Hospital das Clínicas, apenas para avaliar os pacientes que deram entrada em decorrência de acidentes provocados por consumo. ‘Em apenas quatro meses, contabilizamos 2.010 acidentes desse tipo; 60% em crianças menores de 10 anos. Nessa faixa etária, 38% dos produtos que causaram danos eram brinquedos.’

O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista, rebate as críticas da Pro-Teste e garante que os brinquedos do País são os mais seguros do mundo. ‘Os nossos critérios de fabricação e de comercialização dos importados são 10 vezes mais rigorosos do que qualquer outro lugar do mundo. Na época que a pesquisa da Pro-Teste foi feita, não reconhecemos como oficial por desconhecer os critérios utilizados e por não ter encontrado nenhuma das vítimas relatadas.’

Em meio à discussão sobre a segurança dos brinquedos, Rosana Borrego de Souza, 45 anos, está apavorada com as cinco bonecas Polly que estão no armário de sua filha Isabella, 9 anos. ‘Ela ama as bonecas e estou com receio de que uma brincadeira possa causar um problema sério. A preocupação não é nem com ela, que já é grandinha. Mas tenho um filho de 4 anos, que está na fase de colocar tudo na boca’ O resultado de tanta apreensão: Isabella só brinca com as bonecas, que agora não saem do guarda-roupa, quando o irmão não estiver.