1º centro no setor público Projeto vai funcionar na Universidade de São Paulo a partir de agosto

Gazeta de Piracicaba

ter, 19/05/2009 - 9h00 | Do Portal do Governo

O primeiro Centro de Descarte e Reciclagem de Lixo Eletrônico, criado por um órgão público do Brasil, vai funcionar na USP (Universidade de São Paulo) a partir de agosto. A instalação do espaço integra o projeto Criação de Cadeia de Transformação de Lixo Eletrônico, que recebeu menção honrosa na área de Inovação em Gestão Pública do Prêmio Governador Mario Covas, anunciado em abril.

“Com mais de 50 milhões de computadores e 120 milhões de usuários de celulares no país, a quantidade de lixo eletrônico cresce em decorrência do descarte, estimulado pelo consumo de equipamentos novos cada vez mais modernos”, explica a professora. Tereza Cristina Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica – CCE-USP, que coordena o projeto. “Atualmente, a vida útil dos celulares é de cerca 1,5 ano e de quatro anos para os computadores. No entanto, falta à maioria das empresas que recebe este tipo de material uma política de reciclagem ecologicamente adequada”, afirma.

O projeto, desenvolvido desde o início de 2008 pelo Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP, prevê a instalação do Centro de Descarte e Reciclagem (CEDIR), inicialmente a partir de agosto, no campus da capital, que atenderá também os campi de Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto, na 1ª fase. As unidades de Bauru, Pirassununga e Lorena serão integradas ao programa até o final deste ano, quando será aberto para toda a população.

A USP possui parque tecnológico com 37.923 computadores, 15.702 impressoras e 4.569 equipamentos de rede, de acordo com o Anuário Estatístico 2007. De acordo com a responsável pelo projeto, Tereza Carvalho, a cada ano cerca de 15% desse parque tecnológico torna-se obsoleto, em decorrência da necessidade de equipamentos mais sofisticados para suprir requisitos de aplicação da instituição.

Redução da geração de lixo

A universidade criou um selo verde para as empresas que excluem do processo de produção dos eletroeletrônicos os materiais pesados, como chumbo, cádmio e mercúrio, o que permite reduzir a geração de lixo com componentes prejudiciais ao meio ambiente e não-recicláveis. Em setembro passado foi realizada a primeira licitação sustentável do projeto, com a aquisição de dois mil computadores e 400 notebooks, e o fornecedor recebeu o selo verde.

Inédito no setor público e também raro na iniciativa privada, o projeto de Criação de Cadeia de Transformação de Lixo Eletrônico atraiu o interesse de uma das dez mais importantes universidades do mundo, o Massachusetts Institute of Technology – MIT. Durante seu desenvolvimento, o programa contou com a participação de pesquisadores do MIT L-Lab, sob a liderança do renomado o professor Peter Senge (MIT). Na última sexta-feira, 24 de abril, a professora Tereza e membros do CCE-USP fizeram uma apresentação do projeto para o núcleo que cuida de reciclagem e sustentabilidade no MIT. Nos EUA, somente a Universidade de Boulder – Colorado possui programa semelhante ao da universidade paulista.

Orçamento previsto de R$ 180 mil

No centro de descarte, os equipamentos de informática seguirão dois caminhos após passar pela triagem: são encaminhados para reciclagem ou destinados a ONGs e projetos sociais caso possam ainda ser usados. No caso de reuso, os aparelhos devem devolvidos à USP após três anos de utilização. Já no caso de descarte, os componentes dos equipamentos serão pesados, desmontados, separados, descaracterizados (destruição física dos dados armazenados), compactados, acondicionados e novamente pesados. Depois serão transportados para empresas parceiras de transformação dos resíduos para o processamento de metais, plásticos, placas, vidros e outros insumos recicláveis. No caso de baterias, por exemplo, os resíduos são triturados e seguem para o tratamento para a recuperação de metais ou transformação em óxidos e sais metálicos que geram matéria-prima para as indústrias.

A implantação do centro de reciclagem tem orçamento previsto de R$ 180 mil, que serão usados para adequação do local e compra de ferramentas, como balanças, compactadora e trituradeira. A estimativa do projeto é atingir a marca mínima de 500 equipamentos eletrônicos por mês.

A solução criada pela USP para garantir o fim sustentável do lixo eletrônico abrange toda a vida dos bens de informática e telefonia, começando pela compra sustentável do equipamento.

Serviço

Operação: Início da 1ª fase (somente a universidade): a partir de agosto de 2009
Início da 2ª fase (atendimento à comunidade em geral): final de 2009
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas
Local: Cidade Universitária da USP, no Butantã, em São Paulo.
Atendimento: gratuito