1.434 casais dizem o ‘sim’ no Ibirapuera

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

seg, 16/02/2004 - 9h44 | Do Portal do Governo

Casamento comunitário lotou o ginásio; festa teve bolo, maestro e tapete vermelho

Amanda Brum

Com vestido branco e arranjo no cabelo, Tatiane Fernanda, de 22 anos, exibia ontem um sorriso amplo. Estava realizando o grande sonho da sua vida:

oficializar a união com Luiz Carlos Rosa, de 29. Juntos há seis anos, desde que se conheceram em uma escola para surdos-mudos, eles não tinham condições de pagar pelo casamento. ‘Não dá para expressar a emoção deste momento’, disse a noiva na linguagem dos sinais, explicada por uma intérprete. ‘Usar um vestido como este e dizer sim para o amor da minha vida sempre foi o meu maior sonho.’

Depois do casamento comunitário no Ginásio do Ibirapuera, zona sul da capital, com 1.434 casais, os dois almoçariam com a família em Pirituba. A filha de 3 anos seria a convidada especial.

Como Tatiane e Luiz Carlos Rosa, muitos têm o sonho de casar adiado por falta de recursos financeiros. ‘Oferecer esta oportunidade é função social do Estado e direito, pela lei, destes cidadãos’, disse o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado, Alexandre de Morais. Pelo novo Código Civil, que entrou em vigor em janeiro de 2003, o casamento civil é gratuito para a população de baixa renda, apesar de muitos ainda não saberem disso.

No festa de ontem, promovida pelo governo do Estado, foram investidos R$ 83.400. Os casais não precisaram gastar nada, a não ser a roupa. Casar no civil custa atualmente R$ 222,00, sendo que o casamento fora do cartório sai por, no mínimo, R$ 630,00.

Nem todas estavam vestidas de noiva. De roupa branca, estava Ebe Braga, de 67 anos, ao lado de Jacó de Souza, de 70. Os dois vivem juntos há 31 anos.

‘Um evento como este facilita regularizar a situação de muitos casais que não têm condições de casar’, disse Ebe. Depois da cerimônia, eles comemorariam o ‘sim’ em uma festa oferecida pela Câmara Municipal de Ferraz de Vasconcelos aos 48 casais da cidade que participaram da cerimônia coletiva.

Estrutura – Para a celebração, não faltaram tapete vermelho, bolo, bem-casado, coral do maestro Bacarelli e presentes. A rede de lojas Casas Bahia doou 200 jogos de faqueiros, a Cervejaria Krill, 1.600 latas de refrigerante e 800 garrafas de água, enquanto a Schincariol forneceu 100 litros de refrigerantes. As Casas Pernambucanas deram um jogo de lençol para cada casal. Além disso, foram sorteadas cinco viagens de lua-de-mel para Porto Seguro.

O primeiro casamento da manhã foi de Maria José e Sérgio, que tiveram de se adiantar e assinar os papéis antes do início da cerimônia. É que a noiva entrou em trabalho de parto. ‘A criança chegará ao mundo com os pais já casados’, comemorou o governador Geraldo Alckmin. Ele e sua mulher, Lu, foram os padrinhos de honra da celebração. ‘A família é a célula da sociedade. Por isso, todo o Estado de São Paulo está feliz com as bodas. Já realizamos cinco casamentos comunitários, mas este é o maior.’

De acordo com a Rank Brasil, empresa responsável pela homologação de todos os recordes nacionais, o maior casamento realizado no País até agora havia sido o de Ribeirão Preto, no interior, com 820 participantes. A expectativa é de que o evento de ontem seja incluído no ‘Guinness’ como o maior casamento comunitário do mundo.