Na Fatec Campinas, aluno desenvolve processo inovador

Pesquisa quer mais sustentabilidade para produção de álcalis, composto químico de produtos como água sanitária, cloro, entre outros

ter, 15/05/2018 - 19h32 | Do Portal do Governo

Composto químico utilizado em uma série de produtos como soda cáustica, água sanitária, vidro, detergente, sabão, papel, celulose, barrilha de piscina, entre outros, o álcalis geralmente necessita de um processamento eletrolítico para ser gerado, consumindo grande quantidade de energia elétrica.

Para oferecer uma alternativa mais econômica e sustentável, o estudante Antonio Sforza, do curso superior tecnológico de Processos Químicos da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Campinas, fez uma pesquisa que substituir o processamento eletrolítico pela termoquímica, aproveitando o calor gerado pela combustão do carvão mineral.

Segundo Sforza, a utilização do carvão é uma forma de valorizar a produção do minério nacional, que, devido às suas condições naturais, demanda alto custo de tratamento por ser poluente. “O projeto elimina a necessidade do beneficiamento, pois as impurezas presentes no minério bruto seriam recuperadas após a combustão e transformadas novamente em reagentes para o próprio processo, em um sistema 100% ecológico”, explica.

Na produção de álcalis por meio da eletrólise, uma corrente elétrica de alta intensidade é aplicada na matéria-prima, formada basicamente por um composto iônico de água e sal (salmoura). Já no processo termoquímico, o mesmo resultado é obtido com reações químicas e transformações provenientes da transferência de calor.

O processo modificado possibilita a produção de ácido clorídrico (HCl), gás cloro (Cl2), óxido de cálcio (CaO), hidróxido de sódio (NaOH), carbonato de sódio (Na2CO3), lixívia e hipoclorito de sódio (NaClO).

“Atualmente o Brasil precisa importar carbonato de sódio, um reagente que responde por 14% da composição média do vidro. Com a difusão do processamento termoquímico será possível baratear custos e gerar novas possibilidades para variados segmentos da economia”, afirma Sforza.

Parceria

O projeto foi apresentado no Centro Tecnológico de Carvão Limpo (CTCL) e na Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (SATC), na cidade de Criciúma, na região do vale do Rio Tubarão, onde concentram-se grandes produtores do minério no Brasil.

O encontro, realizado em fevereiro último contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Luiz Zancan, do coordenador do Centro Tecnológico da SATC, Luciano Dagostim Bilessimo, do assessor técnico do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (SIECESC), Márcio Zanuz, e da engenheira química Giovana Dalpont.

Eles assinaram um contrato de sigilo e proteção de direitos autorais para realização de ensaios em laboratório, com o objetivo de fundamentar a proposta em busca de recursos para criação de uma planta-piloto. “A partir daí, será possível aplicar o processo em pequena escala e trabalhar para que o modelo seja expandido e possa trazer novos avanços tecnológicos no setor”, destaca o aluno.

Para a coordenadora do curso superior tecnológico de Processos Químicos da Fatec Campinas, Fabiana Cristina Andrade Corbi, o projeto tem potencial para se tornar uma referência internacional.

“O cloro e a soda cáustica são fabricados em células eletroquímicas e estão entre as operações industriais com maior consumo de energia no mundo. Uma alternativa neste processo poderá representar um novo marco em prol da sustentabilidade no planeta”, ressalta.