São Paulo ganha maior hospital do câncer da América Latina – parte 1

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas, cumprimentar o vice-presidente, José Alencar, que nos acompanha. A dona Dagmar, e em nome dela eu cumprimento os […]

ter, 06/05/2008 - 16h13 | Do Portal do Governo

Governador: Queria dar o meu boa tarde a todos e a todas, cumprimentar o vice-presidente, José Alencar, que nos acompanha. A dona Dagmar, e em nome dela eu cumprimento os familiares todos aqui presentes, do Octávio Frias de Oliveira, que dá o nome a este instituto. Governadores Geraldo Alckmin, Cláudio Lembo. Deputado Waldir Agnello, presidente em exercício da Assembléia Legislativa. Prefeito Gilberto Kassab, Luiz Antonio Santini, que representa aqui o Inca, o Instituto Nacional do Câncer, instituição a que demos tanta força na época em que estive no Ministério da Saúde e que representa também, aqui, o Ministro Temporão.

O Secretário Barradas, da Saúde, e por intermédio dele cumprimento todos os demais secretários estaduais aqui presentes. Secretários municipais, na pessoa do Januário Montone, que é o Secretário da Saúde. Queria cumprimentar também o Claudio Zin, que é ministro da Saúde da Província de Buenos Aires, onde eu estive na semana passada, fiz o convite em cima da hora e ele nos deu o prazer da vinda.

Os deputados estaduais Pedro Tobias, que é médico, Celino Cardoso, João Barbosa, Marco Bertaiolli, Célia Leão. Vereadores do município de São Paulo Gilberto Natalini, Mário Dias, Mara Gabrilli. Marcos Boulos, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. Giovanni Cerri, diretor-geral do instituto que hoje começa a funcionar. Flávio Fava de Moraes, diretor da Fundação da Faculdade de Medicina, que vai ser, diretamente, a parceira na gestão deste hospital. Henrique Prata, presidente do Hospital do Câncer de Barretos. Cadê o Prata?

Olha, vice-presidente, ele é o que eu estava te falando de Barretos, que faz o hospital da Fundação Pio XII, lá do Hospital do Câncer de Barretos. Secretários, integrantes do corpo clínico e administrativo do Instituto do Câncer. Professores e colaboradores da Faculdade de Medicina. Membros do corpo consular. Voluntários. Senhoras e senhores.

Hoje é um dia que vai ficar na nossa memória. Nós estamos dando início ao funcionamento deste instituto, que vai trazer uma mudança quantitativa e qualitativa no tratamento oncológico em São Paulo, na cidade, no Estado e no País. Eu tenho certeza de que esta meta será cumprida. A mudança quantitativa e a mudança qualitativa. É um dia histórico. No futuro, nós vamos nos lembrar, aqui, desta data, deste começo.

É um hospital especializado no tratamento oncológico que, na verdade, cumprirá um papel nacional e, talvez, um papel até internacional, no âmbito da América Latina. É interessante mencionar alguns números. Serão 580 leitos operacionais, vão multiplicar por três o número de vagas públicas, exclusivas para o tratamento de câncer aqui em São Paulo. Portanto, isso dá uma idéia muito clara do impacto quantitativo. Estou aqui vendo as voluntárias, de quem eu gosto tanto e que são tão importantes para o funcionamento. Hein? Prontas para trabalhar.

O hospital vai realizar, mensalmente, 1.500 internações; 33 mil consultas; 1.300 cirurgias; 6 mil sessões de quimioterapia. Vocês imaginem o que é isso mensalmente. E 420 sessões de radioterapia. Isso dá uma idéia quantitativa.

Nós vamos gastar aqui – é uma estimativa – cerca de R$ 190 milhões por ano. O hospital, a parte física, sem contar os equipamentos, custou R$ 170 milhões.

Isso dá uma idéia do peso do funcionamento desse hospital, inclusive sobre o orçamento. São Paulo, aliás, não só cumpre a emenda constitucional que fixou um piso mínimo para despesas de saúde, como, até, ultrapassa. Neste ano vai ultrapassar esse limite, esse piso constitucional.

Este é um investimento que, realmente, vale a pena. Um investimento que foi feito e o custeio que teremos daqui em diante. Vale a pena pelo salto que ele permitirá, como eu dizia, no tratamento dessa doença que, fatalmente, vai ser a primeira, em matéria de mortalidade, nos próximos anos.

Ele nasce, também, como um hospital tecnologicamente avançado, tecnologia de última geração, e vai dar muita importância a duas atividades que estão relacionadas e que, em geral, não se enfatiza adequadamente.

Primeiro, a pesquisa em medicamentos, em tratamento. A curva dessa pesquisa tem rendimentos crescentes. É uma pesquisa que rende quando tem investimento. Novas formas de radioterapia, de quimioterapia, menos invasivas, mais concentradas, mais eficientes. Então, nós vamos ter toda uma parte de pesquisa aqui. Vamos investir nessa matéria, coisa que não se faz no País.

Segundo, formação de recursos humanos, que é fundamental. Tem falta de recursos humanos. Doutor Paulo estava me dizendo, há pouco, que faltam, por exemplo, recursos humanos, para radioterapia, no Brasil. Aqui vai ser uma escola de especialistas, não é uma escola básica, de graduação, não vai ter curso de pós-graduação. Vai ser um curso de formação, de aperfeiçoamento dos nossos especialistas em câncer. Isto em todas as esferas, de auxiliar de enfermagem até o médico, até o físico, que também é necessário num hospital desta natureza.

Portanto, ele será um marco, não apenas no atendimento, mas também no desenvolvimento do tratamento oncológico no nosso País.

Há dois outros  aspectos que eu queria, também, enfatizar. Primeiro é que nós vamos ter, aqui, um andar dedicado à reabilitação. Porque, às vezes, uma cirurgia causa problemas motores nas pessoas, dependendo de onde a doença incide. Então, nós vamos ter uma área só para reabilitação, para o entusiasmo da Doutora Linamara, que é nossa secretária estadual de Atenção aos Deficientes Físicos e vai nos ajudar a organizar um grande hospital de reabilitação, aqui em São Paulo, que vai ser referência no Estado – lá na Rua Vergueiro – que depois será acompanhado por outras unidades ao longo do Estado de São Paulo.

Segundo aspecto em que eu tenho insistido há muito anos é o aspecto da humanização. Quando eu estava no Ministério da Saúde, a gente vivia fazendo pesquisa. O problema número um que as pessoas mencionam, no caso da saúde – mais do que falta de médico, falta de vagas, mais do que filas – é a reclamação quanto à aspereza do atendimento na área da saúde. As pessoas que procuram uma unidade de saúde estão quase sempre meio fragilizadas, o que dirá num hospital de oncologia. Este acolhimento adequado, o acompanhamento em cada etapa do tratamento, da freqüência ao hospital é muito importante.

Por isso que eu pedi – não que eles se opusessem a isso – mas eu tenho insistido com a Faculdade de Medicina, com a Fundação, com a Secretária da Saúde para que este hospital já nasça no caminho direito dessa matéria. Desde o começo. Porque não é fácil mudar hábitos, não é fácil mudar, alterar a  inércia do sistema de saúde no Brasil que é insatisfatório.

Não o tratamento, ao contrário do que se imagina. O SUS é muito bom em tratamento. Aliás, pode fazer pesquisa com gente que foi atendia no SUS. O ótimo e bom dá acima de 80%. É um mito isso de que o atendimento não é bom. Pelo contrário, o SUS, agora com os stents, tem menos cirurgias. Mas eu lembro que, quando eu estava no Ministério, tinha 75 mil cirurgias cardíacas no Brasil, de graça, de alta qualidade. Hoje deve estar umas 50 mil, eu imagino, porque os stents economizaram muitas. Mas o SUS atende muita gente. Um atendimento, no resultado, de boa qualidade.

Mas é preciso ir além. Não só melhorar esse atendimento, como também melhorar a condição de acolhimento das pessoas, no momento difícil da sua existência. Especialmente – eu insisto – num hospital que vai tratar desta doença.

Portanto, eu quero enfatizar isto: este hospital, para mim, tem que ser modelo em matéria de humanização, em matéria de qualidade, porque aí ele vai ser, outro dia eu estava comentando com uma pessoa que também se preocupa muito com esse assunto, ele disse:  No hospital vai ser bom o atendimento, porque começa novo, todo mundo em cima, etc. O problema é melhorar a média no Estado inteiro. É verdade, mas o fato é que se a gente conseguir organizar uma coisa que funcione, ela vai servir como exemplo. Nós temos que caprichar aqui para que seja uma referência em matéria de atendimento humano, delicado, acolhedor, para as pessoas.

Bem, hoje nós estamos inaugurando um instituto que tem, leva o nome, homenageia o Octávio Frias. Como disse a Cristina, ele talvez fosse avesso a esse tipo de homenagem. Demasiado modesto, discreto, era uma das características da sua personalidade. Mas o fato é que o seu exemplo de vida obriga quebrar a privacidade, obriga deixar de lado o esquecimento com relação a seu nome e à sua figura. É um homem que não apenas construiu um órgão de comunicação tão importante quanto a Folha de S. Paulo, mas que também participou de todo o desenvolvimento do nosso Estado. Desde a Revolução de 32, aqui, passando até – apenas uma curiosidade – pelo edifício Copan, viu, presidente José Alencar?

Ele é que foi o incorporador, que convidou o Niemeyer, enfim, que fez aquele edifício, entre muitos outros, que é um ponto importante de progresso e da paisagem. Um homem identificado com o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso País. É uma homenagem, a meu ver, bastante oportuna e isto que a Cristina falou que o jornalista escreveu é bastante significativo.

Trabalhei com o seu Frias, diga-se de passagem, porque eu fui quatro anos editorialista da Folha, enquanto era professor universitário. No primeiro dia, eu disse: “Não, doutor Frias”. Ele disse: “Doutor não, eu não sou doutor, deixa esse negócio de doutor de lado que é bobagem”. Hoje, ele empresta o seu nome a uma instituição de doutores. É um paradoxo bastante grato para todos aqueles que conviveram com ele, de tomar conhecimento, de ter isso presente no dia de hoje. É uma homenagem bastante justa, é uma homenagem muito oportuna e que, para mim, tem um significado pessoal muito especial.

Queria também cumprimentar aqui, cadê o Adib Jatene? O ministro Adib Jatene, que também teve seu papel aqui porque eu, um dia, convidei-o para almoçar no Palácio, ele e o Barradas. Estávamos discutindo os impasses aqui com a Faculdade, faz isso, faz aquilo. Eu falei: Adib, preciso de que você me ajude a gente a fazer o Instituto do Câncer. Converse lá com o pessoal da Faculdade e ganhe a turma para essa idéia, porque é muito importante, você sabe como é, que papel relevante terá para São Paulo. E o Adib, realmente, começou,foi a primeira ponte que permitiu viabilizar este empreendimento que é um empreendimento conjunto. O Governo do Estado dá o dinheiro, mas quem vai fazer é a Faculdade de Medicina.

Na verdade, eu estava dizendo, até brincando antes, se o hospital for bem, for uma maravilha, o mérito vai ser do governador, do secretário. Se for mal, é a Faculdade. Isto mostra como a Faculdade é essencial nisso e a relação harmônica, como é importante.

Eu queria também, aqui, agradecer aos ex-governadores aqui presentes. Foi o Alckmin que retomou a obra, porque o prédio, na verdade, começou com uma finalidade, depois passou por outra, e no final do ano passado é que nós definimos que seria o Instituto do Câncer. O Geraldo Alckmin retomou, o Lembo, no seu período, concluiu. Nós partimos para a fase já dos finalmentes, do acabamento, dos equipamentos e definição. Não fosse o trabalho desses governadores, nós não teríamos, hoje, esta inauguração, este hospital funcionando aqui já a curto prazo.

Também não é demais dizer aquilo que já foi noticiado. Um hospital como esse não começa a plena velocidade. Seria como um transatlântico começar a não sei quantos nós por hora, na mais alta velocidade. Isso não pode acontecer, não dá para ser assim. Ele vai começar pouco a pouco. Já começa com uma unidade importante e vai estar em pleno funcionamento, total. O Giovanni disse final do ano que vem, mas eu acho que tem que ser meados do ano que vem, Giovanni, está bom? Para que, em meados do ano que vem, nós já tenhamos o hospital caminhando.

Quero também dizer que, afora o hospital de reabilitação que nós vamos fazer para ser um modelo desse tipo de trabalho – de reabilitar as pessoas que tenham problemas de nascimento, de acidentes, enfim, que tenham problemas de mobilidade – nós estamos incorporando vários hospitais no Estado. Barradas, quantos foram até agora? Quatro hospitais, instituições já existentes. E vamos fazer uma nova, diferente, lá em Presidente Prudente, exatamente buscando a descentralização e levar o atendimento da saúde até mais perto das pessoas.

E, nesse sentido, há uma iniciativa, que foi uma proposta do Secretário Barradas, que nós estamos materializando: é a criação de AMEs, atendimento médico de especialidades, um Ambulatório Médico de Especialidades, que se destina a melhorar o funcionamento dos hospitais. Nós já inauguramos um em Votuporanga. São 15 mil consultas por mês em 30 especialidades, tem até acupuntura, 30 especialidades. 5 mil exames. Isto alivia os hospitais, porque os hospitais, hoje, são sobrecarregados com o pessoal que vai procurar um atendimento que não é do hospital. É um atendimento de consulta, um exame que não precisa ser feito no hospital.

Então nós estamos fazendo uma rede no Estado. São 35 AMEs novos, mais cinco já existentes, que vão se incorporar a esse padrão, fazendo uma divisão geográfica. De maneira que sempre haja um AME, uma possibilidade de exames, relativamente perto de onde vivem as pessoas. No Estado de São Paulo inteiro.

Esta é, talvez, a principal inovação que estamos fazendo, por incrível que pareça, na área hospitalar, porque isso melhora o funcionamento dos hospitais. Esses exames são feitos também, como esse hospital, como 22 hospitais do Estado, em parceria com as organizações sociais. Nossos parceiros são as Irmãs Marcelinas, a Santa Casa, a Unifesp, a Universidade Federal de São Paulo, a Universidade de São Paulo, a Fundação Faculdade de Medicina. Temos muitos parceiros de grande qualidade, de instituições não-lucrativas.

Esta é uma inovação que foi feita aqui em São Paulo a partir do governo Mário Covas e desenvolvida pelo governo do Geraldo Alckmin e do Cláudio Lembo. Foi adotada também pela Prefeitura do Gilberto Kassab, agora, no Hospital Tiradentes e no Hospital do M’Boi Mirim, que são hospitais novos feitos pela Prefeitura.

É um modelo que vem dando certo em São Paulo, e nós esperamos que possa dar certo no nosso País.

Bem, eram essas as palavras que eu queria de dizer aqui, desejando a todos os funcionários, aos diferentes funcionários, pessoal administrativo, auxiliares de enfermagem, enfermeiras, enfermeiras, porque aqui eu posso dizer que, em geral, enfermeiras e auxiliares carregam nas costas os hospitais, o funcionamento, está certo?

Não por acaso, aliás, é uma profissão praticamente feminina, não é, Giovanni? Deve ser 90% mulheres. Não estou diminuindo o papel dos homens. Aliás, a saúde vem sendo cada vez mais uma atividade feminina. Eu lembro que quando eu era Ministro, o pessoal achava que eu entendia de Medicina e me convidava para fazer palestras nas Faculdades de Medicina. E a maior parte já eram mulheres, as alunas. Odontologia já é.

Isto, na verdade, ajuda a Medicina a se desenvolver e, principalmente, o trabalho de ligação com a população, de ligação com as pessoas. Mas eu dizia: as auxiliares, o pessoal administrativo, as enfermeiras, as voluntárias. Os médicos e os físicos também, que é uma novidade: físicos ligados à área da saúde.

Desejo a eles os melhores votos e quero dizer o seguinte: Contem com a gente, contem com a nossa Secretaria da Saúde. Nós temos um grande secretário, que é o Doutor Barradas. Contem com a Secretaria, contem com o governo, contem comigo.

Muito obrigado.