Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência apresenta novidades do setor

Entre as atrações, estão testes de resistência e durabilidade com cadeira de rodas

qua, 09/12/2009 - 12h00 | Do Portal do Governo

Você sabia que uma cadeira de rodas passa por testes de rodagem? É isso mesmo. Assim como os veículos, as cadeiras de rodas também são submetidas a provas de resistência e durabilidade. Este e outros testes são alguns dos destaques da exposição que reúne mais de 50 empresas e instituições de vários países no primeiro Encontro Internacional de Tecnologia e Inovação para Pessoas com Deficiência.

Promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o evento começou na terça-feira, 8, e vai até quinta-feira, 10. O objetivo é promover uma ampla discussão sobre a importância da utilização de tecnologias no processo de reabilitação das pessoas com deficiência.

Mini-laboratório de ensaios

O espaço onde estão expostos os produtos e projetos da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) e do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro se transformou num mini-laboratório de ensaios com cadeira de rodas. Ao todo, o laboratório realiza seis tipos de testes (estáticos e dinâmicos). Num deles, denominado de duplo tambor, ela é colocada numa espécie de esteira com ressalto de dois centímetros que simula terrenos irregulares. O teste é feito com bonecos que pesam 25, 75 e 100 quilos. A cadeira “roda” 200 mil ciclos em três dias, o que corresponde a cerca de 150 quilômetros.

Os testes são realizados profissionais do Laboratório de Bioengenharia do IMREA “Desenvolvemos uma cadeira de rodas destinada aos pacientes do SUS, que é mais resistente que as tradicionais. Para testá-la e verificar se atendia todas as nossas exigências, criamos o laboratório”, explica o coordenador Milton Oshiro. Por enquanto, a cadeira ainda não é produzida – o instituto está à procura de parceiros.

Segundo Oshiro, a cadeira de rodas possui três hastes em forma da letra X (as outras têm duas), ajuste de inclinação (que estabiliza o paciente e melhora a sua postura), apoios de braço metálico (normalmente são de plástico), apoios para os pés com reforço (para evitar deformações) e pinos de apoio com diâmetro maior (que garantem maior resistência).

Além do duplo tambor, são realizados ainda os seguintes testes:

– queda a cinco centímetros do solo (para verificar a resistência),
– esforços para a pessoa se levantar da cadeira (para o apoio dos braços utiliza-se uma carga de 102 quilos e para o apoio dos pés, 89 quilos)
– resistência da manopla (simula o esforço necessário para que uma pessoa auxilie o cadeirante numa descida)
– impactos na roda (avalia a resistência e durabilidade)
– impactos no encosto (também verifica a resistência e durabilidade)

O laboratório também expôs outros equipamentos já utilizados e outros que estão sendo desenvolvidos. No primeiro grupo, estão um equipamento que molda os assentos das cadeiras de rodas sob medida e um estimulador elétrico para fortalecimento muscular. Já em fase de pesquisa existe um processo de confecção de órteses. Um equipamento a laser faz a medição tridimensional do corpo do paciente. Os dados são repassados para um computador que faz o molde da órtese. “O objetivo é reduzir o número de provas e agilizar o processo de confecção da órtese. Hoje são necessárias de duas a três provas. Queremos reduzir para apenas uma”, explica Milton Oshiro.

Inclusão digital

A exposição apresentou programas específicos que garantem a inclusão digital das pessoas com deficiência. Entre eles, destacam-se:

HeadDev – software que permite a interação pessoa-computador, sem necessidade o uso das mãos algum tipo de dispositivo. Uma web cam reconhece os movimentos do nariz do paciente e permite que ele navegue na internet ou digitalize textos

Rata virtual – programa que simula um mouse e também oferece opções para navegar na internet e digitalizar textos

Teclado amigo – destinado a pessoas com déficit visual. É semelhante ao teclado tradicional com teclas maiores e coloridas

Unidade móvel

A Rede Lucy Montoro apresentou para os visitantes o trabalho desenvolvido pela unidade móvel que percorre cidades do interior para colher dados das pessoas atendidas e personalizar as ajudas técnicas em oficina especializada na Capital.

A Unidade Móvel é um caminhão de 15m de comprimento por 2,60m de largura, pesa 20 toneladas. O veículo possui elevador hidráulico para atender à pessoa em cadeira de rodas ou em maca, banheiro adaptado, um consultório médico, sala de espera e oficina de órteses e próteses, composta por salas de prova, de máquinas e de gesso.

Vários profissionais da área da saúde fazem o atendimento, entre os quais médicos fisiatras, técnicos de órtese e prótese, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e enfermeiros.

Também foi apresentado um projeto piloto de vídeoconsulta realizado durante a passagem da unidade móvel pela cidade de Taubaté.

Melhor qualidade de vida

Há dez anos, Edgar Rodrigues da Silva é um dos pacientes atendidos na unidade da Lapa da Rede Lucy Montoro. Atualmente ele frequenta as aulas de pintura, teatro e capoeira. A pintura, no entanto, é sua grande paixão. “Agora ele faz traços mais firmes e para pintar, ele escolhe a cor e pega sozinho a tinta”, diz a mãe, Creuza Maria.

Edgar gosta de pintar paisagens como praias e montanhas. “Ele diz que se sente como se estivesse naquele lugar e tem a sensação de liberdade”, explica a mãe.

Creuza conta que o filho teve paralisia cerebral e antes era atendido numa outra instituição. Mas, a distância – a família mora em Carapicuíba – impediu que ele continuasse o tratamento. “Procurei outras entidades até que uma amiga me falou sobre a Rede Lucy Montoro”, relembra. Desde então, o filho só evoluiu. “A pintura, o teatro e a capoeira ajudam a garantir uma melhor qualidade de vida. Agora ele sai e conversa com os amigos pela internet”, diz.

Do Portal do Governo do Estado de São Paulo