Cultura nos trilhos

Foi-se o tempo em que o caminho de volta para casa era um percurso comum; hoje, há exposições, poesia, teatro e cinema para os usuários

ter, 03/11/2009 - 9h00 | Do Portal do Governo

Atualizado em 15 de janeiro às 11h50

Visitar uma exposição, participar de um sarau, ler poesias ou assistir a um show. Você acha que precisa de muito tempo livre para fazer estas atividades? Nada mais do que uns minutinhos no caminho do seu trabalho ou para sua casa. De mãos dadas à democratização da cultura, e até mesmo à atual falta de tempo, projetos nas estações da CPTM e do Metrô oferecem aos usuários atividades culturais gratuitas. E rápidas. Mas que conseguem mudar a rotina dos usuários de trem. Afinal, não é todo dia que conseguimos assistir a uma estreia nacional de graça ou observar artistas trabalhando com xilogravuras.

Encontro marcado

Biblioteca, revistaria, café, área para apresentações musicais e de poesia, estrutura para exposições temporárias de fotografia e artes plásticas, painéis para mostras permanentes e telão de cinema. Não estamos falando de nenhum centro cultural caríssimo e sim da Estação Santa Cecília do Metrô. Lá, foi implantado, em abril deste ano, o Projeto Encontros – que ainda deverá ser ampliado a outras 15 estações.

Encontros marcados com o público que já conhece as atividades que acontecem ali regularmente. Sarau na última terça-feira do mês, sessões de curtas-metragem às sextas e aulas de dança às quartas, quando a estação vira um grande salão embalado por passos de gafieira, samba, rock, forró, salsa ou tango.

O reconhecimento do projeto ultrapassou a barreira dos usuários e caiu no gosto de produtoras e diretores de cinema, que passaram a utilizar o espaço para estrear filmes nacionais. Os filmes “Ele é o espetáculo”, “O Contador de Histórias” e “Ninguém Sabe o Duro que Dei” são alguns dos nomes que o público pôde conferir em primeira mão. Confira aqui a programação do Projeto Encontros.

A Estação Sé mantém também o projeto Seis da Sé. De segunda a sexta-feira, sempre a partir das 18h, há shows de música, dança ou apresentação de peças teatrais. Além de ser uma excelente opção de lazer, a população pode evitar o horário de pico.

A CPTM também aderiu às atrações culturais nos trilhos. Em parceria com a Prefeitura de Ribeirão Pires, grupos de estudantes de música tocam quinzenalmente nas estações das seis linhas do sistema. É o Música na CPTM. Cerca de 10 estações recebem simultaneamente, sempre às 17h de quartas-feiras, concertos musicais.

Para ver e ler

Não só os ouvidos são agradados nas estações, mas os olhos também. Os projetos Graffiti e Galeria de Arte a Céu Aberto – Nos Muros da CPTM enfeitam as estações com muros grafitados e painéis de xilogravura, que além de inibirem o vandalismo, chamam jovens para realizar estas intervenções urbanas. O Galeria de Arte a Céu Aberto, por exemplo, nasceu de uma parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz. Nos muros vermelhos da estação Brás da CPTM, o público já pode conferir as primeiras colagens do trabalho de xilogravura.

Já Estação Santos-Imigrantes do Metrô é uma boa opção para quem aprecia artes plásticas. Criada pelo desenhista, pintor e escultor Marcos Garrot, a obra Esfera e os Labirintos da Liberdade está instalada na plataforma da estação. A peça é composta por nove círculos de ferro pintado com dois metros de diâmetro, tem uma face pintada na cor “bronze” e a outra na cor “cobre”, que contrapõem claro e escuro, pesado e leve, fechado e vazado.

Os vagões e paredes da Estação Vila Madalena também estão carimbados pela arte e pela literatura. O recente projeto Poesia no Metrô exibe alguns dos poemas mais representativos da Língua Portuguesa em grandes adesivos pelas estações. Participam também as estações Sumaré, Clínicas, Paraíso, Ana Rosa, Chácara Kablin, Santos/Imigrantes e Alto do Ipiranga.

São 42 poemas que ficarão expostos durante três meses. O público estimado para a exposição é de 420 mil pessoas (frequentadores das estações da Linha 2-Verde). No ano que vem, com a mostra estendida para todas as estações, serão 3,5 milhões de espectadores por dia.

Agora, se o gosto por literatura vai além de ler só uma poesia, você pode pegar um livro em uma das cinco bibliotecas do Embarque na Leitura no Metrô ou na estação Brás da CPTM. Saiba como se tornar sócio da biblioteca.

De passeio por São Paulo

Se você está só de passeio pela capital e não conhece muito bem as linhas nem os pontos turísticos de São Paulo, a opção ideal é o Turismetrô. Saindo sempre da Estação Sé do Metrô, seis roteiros diferentes seguem com acompanhamento de guias bilíngues e intervenção artística de atores encenando a história da cidade. O passeio sai pelo preço de bilhetes unitários necessários para a viagem (cada um é R$ 2,55). Confira os roteiros e mais detalhes do programa aqui.

A Sé é uma das pioneiras quando o assunto é levar arte aos usuários. Desde 1978, um acervo é cultivado na estação. Hoje, 88 obras de importantes artistas plásticos brasileiros se espalharam pelas estações formando o Arte Contemporânea do Metrô de São Paulo – “Projeto Arte no Metrô“. Veja o roteiro das obras.

Multimídia

Crianças, jovens, idosos, mulheres, homens, brancos, negros e pardos. Para agradar a diversidade do público, as atrações nos trilhos devem seguir a mesma variedade. Quando uma só atração consegue fazer isso, ela vai no mínimo chamar a atenção de todos. Juntando tudo numa coisa só até no nome, a exposição multimídia Omistériootempoempoesias traz pinturas, poesia, música, vídeo-instalação e performances cênico-musicais. O projeto é uma iniciativa do Museu da Língua Portuguesa.

Até o dia 25 de janeiro, uma das passarelas da Estação da Luz se transforma num túnel para receber as atividades que acontecem de terça a domingo, das 10h às 18h. Ao longo do percurso de 34 metros, o visitante encontra 15 painéis, poesias estampadas em placas de acrílico, sons, melodias e uma videoinstalação. O público pode ainda assistir a uma performance cênica de quartas a sextas, às 11h e às 13h; e aos sábados e domingos, às 11h, às 12h, às 14h e às 15h. Uma viagem na cultura em meio à correria de São Paulo. Este é mote, não só desta instalação, mas de todas as atrações nos trilhos: possibilitar aos usuários uma viagem não só a sua casa ou trabalho, mas a um mundo artístico e cultural que eles não conheceriam se não fosse por estas ações.

Do Portal do Governo do Estado de São Paulo