Obras de ex-pacientes do Complexo Hospitalar do Juquery embarcaram neste mês rumo à Alemanha para participar da 11ª Bienal de Berlim de Arte Contemporânea que, entre outros temas, vai explorar também a relação das artes com a saúde mental. A mostra contará com quinze pinturas do acervo do Museu Osório César, todas elas realizadas por artistas que foram pacientes do Juquery nas décadas de 50, 80 e 90.
A mais antiga (datada) é de 1.951 e leva o título “A Dama do Fuhrer”, com autoria de Aurora Cursino dos Santos. Também participam obras de Maria Aparecida Dias, Aurora Cursino dos Santos, Masayo Seta e Ubirajara Ferreira Braga, que retrataram pessoas, objetos e ambientes.
Das quinze, três são óleo sobre tela e uma leva tinta acrílico também em tela. No papel, três foram feitas à óleo, e as demais com hidrocor, grafite, guache, pastel oleoso e giz de cera.
O acervo completo do museu estadual possui mais de 8 mil obras, entre 434 esculturas, 821 telas e aproximadamente 7 mil obras em papel, além de mobiliário histórico, equipamentos e instrumentos médicos.
Juquery e arte
A relação do Juquery com a arte já dura um centenário. Começou nos anos 20, quando o Osório Thaumaturgo César, médico da instituição e marido da pintora Tarsila do Amaral, iniciou uma pequena coleção de objetos de pacientes, como modelagens e desenhos, e passou a estudar o comportamento e a manifestação da arte entre o grupo.
Posteriormente, no final dos anos 40, foi inaugurada na unidade a Escola Livre de Artes Plásticas (ELAP) do Juquery. O museu surgiu nos anos 80 onde a ELAP funcionava, com um projeto de reorganização e restauro das peças.
O acervo é dividido em duas partes: as obras produzidas pela ELAP, entre 1949 a 1970; e o acervo contemporâneo, produzido entre 1985 e 2005.
Atualmente, o museu passa por restauração de sua edificação, projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo no final do século 19. O Complexo Hospitalar é uma unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Composta por quatro “atos”, a 11ª Bienal de Berlim começou em setembro de 2019 e entra agora na sua quarta parte, de 5 de setembro a 1º de novembro de 2020. Mais informações, no site da mostra 11.berlinbiennale.de (em inglês).
