MIS: “Sol Preto” revela contraste entre ciência e imaginário popular

Obra de Daniel Frota é parte de pesquisa relacionada a uma expedição científica no início do Século 20, no Ceará, e tem entrada gratuita

seg, 24/07/2017 - 15h52 | Do Portal do Governo

Com início nesta terça-feira (25), às 19h, a exposição Sol Preto, do artista plástico Daniel Frota, fica em cartaz até 27 de agosto no térreo do MIS, com entrada gratuita.

Baseada em suas pesquisas sobre um fato ocorrido em 1911, em Sobral, no Ceará, a mostra revela o contraste entre ciência e imaginário popular. Na abertura, o artista participa de um bate-papo e visita guiada com o público.

Selecionada para a Temporada de Projetos do Paço das Artes, da Secretaria de Estado da Cultura, a exposição faz parte do trabalho de pesquisa do artista relacionada a uma expedição científica britânica no início do Século 20, em Sobral, para documentar um eclipse solar.

O registro fotográfico do fenômeno foi usado na comprovação da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. De acordo com Frota, a chegada dos cientistas serviu para alimentar entre a população a suspeita de que o eclipse iria anunciar uma temporada de inundações e pestes, prenúncio do fim do mundo.

“Os materiais e formas presentes nas instalações, esculturas, gravuras e vídeo que compõem a exposição evocam o choque de crenças, ficções e urgências, além de apresentar uma revisão das relações de poder estabelecidas pelo contraste entre o avanço do conhecimento científico e o atraso socioeconômico local”, explicou.

Entre os trabalhos que fazem parte da mostra está o vídeo Sol preto (HD, 23 min.) que explora os acervos do Museu do Eclipse e do Museu Dom José, ambos localizados em Sobral. Com linguagem documental, a obra narra a história por meio de um duelo entre dois repentistas, que improvisam versos sobre a expedição, o eclipse, o medo, o atraso e o início da modernidade.

“Em meio a esse artifício narrativo, fatos, rumores, superstições se misturam reconstituindo uma versão improvisada da história, cantada de dentro do planetário local, inaugurado em 2015”, afirmou o artista.

A instalação Futurosa, composta por uma estrutura de madeira e impressões sobre esteiras de carnaúba, ilustra a tensão entre o progresso científico e a realidade da região na época.

A imagem, impressa na palha por meio de transfer com solvente e xérox, é uma fotografia que faz parte do acervo do Observatório Nacional no Rio de Janeiro. No lado esquerdo da imagem, há um menino descalço, varrendo o chão, e, na parte direita, está Teófilo H. Lee, um dos membros da comissão brasileira de astrônomos que acompanhou a expedição em Sobral, com um telescópio.

Por fim, o díptico de fotografias A figura não mente, os que mentem figuram, se baseia na técnica chamada “Terapia de espelho”, usada por pessoas que sofrem com dores no membro fantasma.

As imagens retratam o órgão inexistente que continua a mandar recados ao cérebro. “O mecanismo usado retrata formas de suprimir e superar memórias, autossabotagens afetivas e inversões de figura e fundo que desestabilizam o olhar”, diz Daniel Frota.

Sobre o artista

Daniel Frota participa de um bate-papo e de uma visita guiada na abertura da exposição, que acontece na terça-feira (25), às 19h.  O artista é formado em design gráfico pela PUC-Rio, tem pós-graduação pela Escola Nacional de Belas Artes de Lyon, França, e mestrado em Tipografia e Práticas Editoriais pelo Werkplaats Typografie, do ArtEZ Institute of the Arts, em Arnhem, Holanda.