Coletivo Estopô Balaio retoma apresentações nas linhas da CPTM

A partir desta quinta (12), histórias encenadas nas linhas 10-Turquesa e 11-Coral narram as aventuras de migrantes em São Paulo

qui, 12/04/2018 - 10h44 | Do Portal do Governo

Nesta quinta-feira (12), o coletivo Estopo Balaio abre a temporada 2018 do projeto “Nos trilhos abertos de um leste imigrante” com dois espetáculos inspirados nas histórias de passageiros da própria CPTM: “A Vida Adulta, a Mulher” e “A Velhice, o Artista”.

No total, serão quatro apresentações. “A Vida Adulta, a Mulher”, que tem como cenário a Linha 11-Coral (Luz – Estudantes), será encenada hoje, às 14h, e no sábado (14), às 15h30. Na próxima semana, será a vez da Linha 10-Turquesa (Brás – Rio Grande da Serra) servir de palco para a montagem “A Velhice, o Artista”. As sessões serão na quinta (19), às 14h, e no sábado (21), às 15h30.

“A vida adulta, a mulher” conta a história da pernambucana Janaína, que durante a infância sofreu diversos abusos e aos 15 anos foi obrigada a se casar. Por 18 anos, a jovem conviveu com o marido que a agredia fisicamente e chegou até a ser hospitalizada. Com o incentivo dos filhos, Janaína se libertou do relacionamento e veio para São Paulo, onde mora há seis anos.

A peça retrata um sonho que ela não pôde realizar: sua festa de 15 anos. A viagem com destino a Guaianases, é para buscar o bolo de aniversário e festejar com o público na própria estação de trem.

“A velhice, o Artista” narra a história do Sr. Vital, que nasceu em Mariana (MG). Em 1964, ele veio tentar a sorte na capital paulista. Aqui, trabalhou em diversas metalúrgicas, no período em que o sindicalismo era bastante forte. Vital testemunhou as lutas e os desdobramentos trabalhistas da época. Mas seu sonho sempre foi tocar sanfona. A encenação mostra as dificuldades enfrentadas por ele para realizar o sonho.

Sobre o projeto

Durante 24 meses, os artistas do grupo teatral ouviram os relatos dos usuários que, devido à distância, sentiam falta de familiares e amigos. Muitos deles, sem saber ler e escrever, recorriam aos atores que se disponibilizavam nas estações para escrever cartas voluntariamente aos entes queridos, amenizando assim a saudade.

Nesses momentos, a conversa se estendia além dos textos das cartas, normalmente carregada de lembranças, às vezes boas, outras ruins, mas sempre cheia de emoções. Essas histórias foram transformadas em arte e poesia pelo Coletivo Estopô Balaio, que agora devolvem os relatos em forma de peça teatral para o público inspirador.

Com o olhar atento às manifestações de dança de rua, grafite e outras intervenções culturais, o Coletivo Estopô Balaio tem residência artística no Jardim Romano e conta com a participação de artistas migrantes, que ajudam a resgatar as experiências e memórias desta comunidade da zona leste. O coletivo é vencedor do Prêmio Rumos, do Itaú Cultural, entre outros prêmios.

Para participar da viagem teatral os interessados devem se inscrever pelo e-mail reservas@coletivoestopobalaio.com.br e chegar à Estação Brás, 30 minutos antes do espetáculo.