Serviço de reprodução assistida do HC de Ribeirão completa 20 anos

Desde 1992, foram 1.750 crianças nascidas graças às técnicas oferecidas de modo gratuito pelo HCFMRP

sáb, 09/02/2013 - 14h01 | Do Portal do Governo

Mulheres com dificuldade de engravidar contam, desde 1992, com o Serviço de Reprodução Assistida do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. Em 2012, o serviço comemorou 20 anos de funcionamento e a marca de 1.750 crianças nascidas com a utilização das técnicas de reprodução assistida. Essas mulheres encontraram o seu direito individual – que é garantido pela Constituição Federal – respeitado e de forma gratuita (exceto pelo custo dos medicamentos).

Segundo dados do Ministério da Saúde, 15% das mulheres são inférteis, sendo que metade delas vai precisar da reprodução assistida, que consiste em técnicas utilizadas por médicos para viabilizar a gestação em mulheres com dificuldade de engravidar. O uso dessas técnicas não tem cobertura, nem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nem pelos planos de saúde. Assim, muitas vezes as mulheres que necessitam da técnica precisam pagar por elas, que têm um custo bastante elevado.

O coordenador do Serviço, professor Rui Ferriani, do Departamento e Ginecologia e Obstetrícia da FMRP, conta que o centro do HCFMRP foi o primeiro serviço público de reprodução assistida implantado no Brasil, em 1992, e que funciona sem interrupção desde então, atendendo toda a demanda do interior do Estado de São Paulo.

Referência em tratamentos na área, o Serviço está equipado com tecnologia de última geração, fruto de investimentos do orçamento do próprio HCFMRP ou de projetos do grupo de pesquisadores do serviço. “Nunca houve um investimento específico do Sistema Único de Saúde (SUS) para o financiamento desse tipo de atendimento”, lembra o professor.

Falta de reconhecimento do SUS

Ferriani explica que somente aqueles que trabalham com essas mulheres entendem suas angústias, as quais se refletem em falta de saúde, quando se define saúde como bem estar geral. “Estudos mostram que o grau de ansiedade de um casal infértil, quando medido por escala, é semelhante ao de pacientes oncológicos, por isso, a importância de se manter um serviço público nessa área”, diz. Ele lembra, também, que a própria Constituição Federal garante como dever do Estado prover todos os meios de anticoncepção e de concepção e que, infelizmente, até hoje o SUS não reconheceu isso como obrigação.

No HCFMRP, esses casais recebem atendimento personalizado. Enfermeiros, psicólogos e médicos trabalham juntos, realizando assistência multidisciplinar. “Ao longo dos anos, investimos sempre na humanização, pois consideramos os casais atendidos como merecedores destes direitos”, garante o coordenador.

Novas técnicas

As técnicas evoluíram muito desde o nascimento do primeiro bebê de proveta, Louise Brown, em 1978, na Inglaterra. O maior passo foi dado com a ICSI (Intracytoplasmicsperminjection), que consiste na microinjeção de espermatozóides dentro do óvulo, e que possibilitou o tratamento de um maior número de casais, incluindo os casos de comprometimentos masculinos.

Mais recentemente, outro avanço foi o congelamento pelo método de vitrificação que permite congelar óvulos e embriões, a chamada “Preservação de Fertilidade”, direcionada a homens e mulheres que passam por quimioterapia ou radioterapia por câncer e, depois de curados, procuram ser pais.

Outra demanda bem atual refere-se a mulheres que deixam para ter filhos mais tarde e, pelo envelhecimento dos óvulos, podem apresentar dificuldades para engravidar. As técnicas atuais permitem ainda reprodução assistida aos casais soro discordantes – quando apenas um dos parceiros tem uma doença infecto-contagiosa (HIV, Hepatite C).

Da Agência USP