Os estudantes das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) têm uma boa visão da escola, onde acreditam que aprendem coisas úteis para a vida e se sentem respeitados em suas diferenças. Quanto à escola ideal, desejam tecnologia para além das aulas de informática, mais áreas verdes e querem aprender mais sobre habilidades de relacionamento. As conclusões são da pesquisa Nossa Escola em (Re) Construção, do Porvir, programa do Instituto Inspirare, e da Rede Conhecimento Social.
O levantamento foi realizado em escolas de todo o Brasil para ajudar escolas e professores a ouvir o que os estudantes pensam sobre currículo, práticas e recursos pedagógicos, ambiente da sala de aula e participação juvenil no espaço escolar. Os estudantes participaram de todo o processo, inclusive da elaboração do questionário. Nas Etecs, administradas pelo Centro Paula Souza (CPS), participaram da pesquisa 26.943 alunos, 70% dos quais entre 15 e 17 anos, que frequentam o Ensino Técnico, Técnico Integrado ao Médio (Etim) e Médio.
“É muito importante para a instituição ouvir e entender o que o aluno pensa e deseja da escola para aprimorar a qualidade do ensino oferecido”, afirma a diretora-superintendente do CPS, Laura Laganá. “Nosso aluno reconhece valor na escola, está satisfeito com a organização e aponta demandas muito atuais, maduras, como a necessidade da tecnologia permeando todas as atividades e o desenvolvimento de habilidades de relacionamento, fundamentais no mundo do trabalho e na vida.”
Aulas e disciplinas, material pedagógico e relação entre estudantes foram os itens apontados como os mais bem resolvidos na estrutura escolar das Etecs. Eles apontaram como pontos sensíveis as atividades artísticas, esportivas e extraclasse e a alimentação escolar – a pesquisa foi feita em julho, quando a merenda estava em pauta e ainda não totalmente equacionada, o que aconteceu a partir de agosto.
Questionados sobre o que falariam de sua escola, afirmaram que gostam de estudar em sua Etec, onde aprendem coisas que serão úteis em sua vida e o ambiente é favorável para todos se desenvolverem. Também acreditam que todos são respeitados independentemente da cor, religião, orientação sexual, nacionalidade ou cultura.
Embora a maioria dos entrevistados reconheça que não possam faltar canais de participação como grêmio, conselho escolar e atividades de integração, apenas entre 13% e 25% participam. As atividades escolares que mais mobilizam os alunos são as olimpíadas de conhecimento (57%), campeonatos esportivos
(41%) e atividades culturais (30%).
Escola dos sonhos
Quando o assunto é a escola sonhada, 59% dos entrevistados desejam tecnologia não apenas nas aulas de informática e 52% querem áreas verdes, além de quadras e equipamentos esportivos (43%), seguidos de adaptações para pessoas com deficiência (42%). Para além da estrutura, desejam uma escola onde aprendam mais, que os deixe mais felizes, que respeite a individualidade de todos e que seja inovadora, nessa ordem.
Embora queiram estudar tanto para o vestibular como para o mercado de trabalho, o segundo item é apontado como o principal objetivo da escola. Quanto aos conteúdos, mais do que matemática, português e outras disciplinas, querem aprender mais habilidades de relacionamento com outras pessoas (19%); política, cidadania e direitos humanos (12%); e temas do cotidiano (11%).
A maioria deseja um currículo mais flexível, seja participando da escolha de parte das disciplinas (32%), de todas elas (23%) ou ainda optando por outras matérias fora do horário escolar (19%). Dos entrevistados, 49% acham que o ensino por meio de projetos que envolvam a solução de problemas, metodologia adotada nas Etecs, é o mais adequado. Pedem ainda uma organização menos ortodoxa da sala de aula, com móveis variados, sofás e pufes (38%), e a possibilidade de aprender em outros
ambientes (21%).
Sobre o Centro Paula Souza
Autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro Paula Souza administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos técnicos, sob a supervisão de uma Etec -, em mais de 300 municípios paulistas.
Nas Etecs, o número de matriculados nos Ensinos Médio, Técnico integrado ao Médio e no Ensino Técnico, para os setores Industrial, Agropecuário e de Serviços, ultrapassa 208 mil estudantes. As Fatecs atendem cerca de 80 mil alunos nos cursos de graduação tecnológica
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