Ortopedista do Iamspe orienta sobre uso de mochila e hábitos posturais das crianças

Limite máximo suportado é de 10% do peso do corpo, alerta especialista

seg, 03/02/2014 - 9h05 | Do Portal do Governo

A volta às aulas implica na compra do material escolar, mas também na questão de como facilitar o dia-a-dia do aluno na hora de carregar os livros.

Para a ortopedista infantil do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) Monica Paschoal Nogueira, a recomendação de todo profissional de saúde é que as escolas tenham armários para evitar que os alunos carreguem o material todo dia.

Mas, na impossibilidade dos armários, a indicação da médica é escolher mochilas com rodinhas, que facilitam o transporte. A altura da haste para carregá-la deve ser observada, e ajustada à altura de cada criança. Porém, se a escola tiver escadas, o aluno fará esforço para subir do mesmo jeito e essa mochila, então, já não seria ideal.

Outro caso é o da mochila sem rodas, que deve ter duas alças para serem colocadas nos ombros, na parte das costas, e nunca carregada em um só lado. Ao escolher uma mochila é importante que ela seja leve. Quando estiver vazia, não deve pesar mais que meio quilo. O ideal é que seja de duas tiras, pois as de tira única para o ombro não distribuem o peso uniformemente, o que pode causar problemas de postura.

“O estudante deve tensionar as tiras para que a mochila fique bem junto ao corpo e aproximadamente a cinco centímetros acima da linha da cintura. As alças devem ser acolchoadas, reguláveis e com largura mínima de quatro centímetros na altura dos ombros. Tiras estreitas podem causar compressão nos ombros e restringir a circulação. É interessante também concentrar os objetos mais pesados no centro da mochila e mais próximos das costas”, observa.

“O máximo suportado pelo corpo é de 10% do seu peso, ou seja, para uma criança de 30 quilos, o limite é 3 quilos, mas as crianças costumam exagerar”, explica a especialista.

O resultado dessa prática é o risco de entorses pelo excesso de esforço dos músculos da coluna, além de dores, que podem ser causadas por alterações posturais. “A criança tende a levar o pescoço para frente e manter o tronco inclinado”, afirma.

Pesquisa publicada em 2012 pela Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício mostrou que 45% dos alunos da rede pública e privada de Santa Catarina carregavam peso acima do suportado.

A dra. Monica diz que, embora não exista no Brasil trabalho conclusivo da relação direta do peso com distúrbios de alinhamento da coluna, a percepção dos profissionais que atendem em consultório e ambulatório é de que as queixas de dor aumentam em crianças que carregam cargas acima do tolerado.

A especialista ainda alerta para maus hábitos que comprometem a estrutura da coluna de crianças e causam dor. “Sentar curvado sobre a carteira escolar ou sentar na lombar, durante longos períodos, aumenta as chances de estruturação desses vícios posturais pelo tempo que o corpo se mantém na posição.”

Segundo a médica, na atualidade, as crianças ficam muito tempo sentadas ao usar jogos eletrônicos e computadores, o que não é normal para a idade.

Esse comportamento se tornou um fator importante à saúde, pois pode ter contribuído para o aumento da obesidade infantil e seus reflexos. Nesse caso, a volta às aulas é bem-vinda, porque estimula atitudes mais ativas e a prática de atividade física.

Iamspe

O Iamspe, autarquia vinculada à Secretaria de Gestão Pública, tem hoje uma das maiores redes de atendimento em saúde para funcionários públicos do país.

Além do Hospital do Servidor Público Estadual, na capital paulista, possui 17 postos de atendimento próprios no interior, os Ceamas, e disponibiliza assistência em mais de 100 hospitais e 130 laboratórios de análises clínicas e de imagem credenciados pela instituição, beneficiando 1,3 milhão de pessoas em todo o Estado.

Do Iamspe