Mostra de arte cusquenha revela segredos da coleção do Acervo dos Palácios

Estudo pioneiro de restauração de obras da escola cusquenha surpreende pesquisadores ao descobrir pinturas de diferentes épocas escondidas em uma mesma tela

seg, 20/08/2012 - 12h46 | Do Portal do Governo

O Acervo dos Palácios – órgão vinculado à Secretaria da Casa Civil – apresenta de 21 de agosto a 4 de novembro, no Palácio dos Bandeirantes, a exposição “Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios – Reflexões sobre o gosto nos anos 1960 e 1970”. Serão exibidas 66 pinturas da escola cusquenha que fazem parte do Acervo e estão sendo restauradas e reclassificadas.

Com o apoio do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e da historiadora Aracy Amaral, a curadoria do Acervo iniciou uma investigação pioneira das telas cusquenhas com o objetivo de reclassificar a coleção. Por meio de um estudo multidisciplinar, utilizando vários métodos, tais como análise das obras com técnicas de reflectologia de infravermelho, fluorescência de ultravioleta, radiografia e a classificação técnica não destrutiva de análise de superfícies, os pesquisadores estão esclarecendo dúvidas sobre as datas aproximadas da produção das obras e sua procedência. O trabalho já descobriu telas produzidas em três períodos diferentes, com três desenhos distintos.

O grande destaque da exposição é a tela de um anjo que, após o estudo com a técnica de fluorescência visível com radiação de ultravioleta, revelou intervenções antigas em tons roxeados, levando à descoberta de uma nova pintura com a imagem de São José e o menino Jesus.

Segundo a curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo, Ana Cristina Carvalho, essa investigação ainda está no começo, mas a ideia é mostrar ao público o trabalho que está sendo feito pelos pesquisadores. “Estamos fazendo uma mostra didática para permitir ao visitante conhecer os fatos que marcaram a aquisição dessas peças e valorizar a produção artística da escola cusquenha. É uma exposição corajosa!”

A Mostra é dividida em três núcleos: o primeiro destaca o gosto pelo neocolonial nas décadas de 60 e 70 nas residências brasileiras; o segundo núcleo inclui obras representativas da arte “Cusquenha” e o terceiro propõe uma reclassificação das pinturas.

A Professora Aracy Amaral, consultora da mostra, destaca que a denominação “cusquenhos” – telas do período barroco andino – pode ser utilizada tanto em obras da cidade de Cusco quanto de outras regiões do Peru, do Equador ou da Bolívia.

A solicitação por obras coloniais andinas centralizou-se na alta sociedade. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, uma característica era comum nos ambientes das casas mais elegantes de São Paulo: a presença de quadros da escola de arte cusquenha ao lado de móveis e objetos coloniais. As obras chegavam ao Brasil via intermediários, em geral dobradas ou em rolos, frequentemente pela Bolívia, onde inúmeras delas foram realizadas e/ou restauradas. Ao aportarem aqui, ou mesmo anteriormente, muitas eram fragmentadas ou recuperadas parcialmente antes de serem preparadas para vendas em São Paulo.

A coleção cusquenha dos Palácios

Essa característica também foi adotada na escolha das pinturas e peças para decorar o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, em 1964 e dos Bandeirantes, em 1965. Assim o governo montou seu acervo não só com raros exemplares da arte colonial, mas com 66 pinturas da escola cusquenha, mesmo sem conhecer a procedência, origem, período e local de produção dos quadros.

Serviço

Exposição “Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios”

Local: Palácio dos Bandeirantes – Avenida Morumbi, 4.500 – Portão 2 – São Paulo/SP
Data: de 21 de agosto a 4 de novembro de 2012
Horário: de terça a domingo, das 10 às 17h
Entrada: gratuita
Informações: (11) 2193-8282 ou monitoria@sp.gov.br
Agendamento eletrônico para grupos escolares: http://www.acervo.sp.gov.br

Do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo