Governador Alckmin assina contrato de inovação em água de reúso e esgoto

Projetos vão ampliar a produção de água de reúso para indústrias e serviços, reduzir o odor do esgoto e melhorar a qualidade dos resíduos do tratamento

sex, 03/07/2015 - 15h11 | Do Portal do Governo

O governador Geraldo Alckmin participou nesta sexta-feira, 3, da cerimônia de assinatura de contrato de financiamento para quatro projetos inéditos no Brasil que ampliam a produção de água de reúso e inovam no tratamento do esgoto. Os recursos serão fornecidos à Sabesp pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. É a primeira vez que uma empresa de saneamento recebe recursos da Finep.

“São projetos e pesquisas que vão trazer bons avanços para a área tecnológica e para o saneamento básico de São Paulo, além de ajudar todo o Brasil também”, disse o governador Geraldo Alckmin após assinatura do acordo, que ocorreu no Palácio dos Bandeirantes.

As quatro ações receberão um investimento total de R$ 60,3 milhões, sendo R$ 48,3 milhões financiados pela agência federal e R$ 12 milhões em recursos próprios da Sabesp. Os projetos terão prazo de 30 meses de execução e avaliação de resultados. As iniciativas da Sabesp receberam o grau máximo de inovação da Finep, o que garante taxas de juros vantajosas.

Os projetos são inéditos no Brasil na área de saneamento. Para um deles, inclusive, a Sabesp já deu entrada no pedido de registro de patente. A inovação das ações foi decisiva para a companhia obter os recursos da Finep, já que disputava a verba com outras propostas de empresas privadas de diversos setores.

Os quatro projetos

1) Aumento da produção de água de reúso para a Grande SP

A Sabesp desenvolveu uma técnica de produção de água de reúso para indústrias e serviços que permite aumentar rapidamente o fornecimento e, com isso, reduzir o uso de água potável para essas finalidades. A companhia vai instalar módulos com membranas ultrafiltrantes e de remoção de sais nas estações de tratamento de esgoto. Na prática, esses equipamentos, colocados em contêineres, vão aproveitar o esgoto já tratado e transformá-lo em água de reúso com a qualidade que o cliente quiser. Dessa forma, uma indústria que necessitar de um líquido sem cálcio, por exemplo, terá o produto adequado para suas máquinas. É água de reúso com a qualidade que o cliente precisar.

Outra vantagem da iniciativa é a modularidade. Os contêineres poderão ser facilmente instalados ou transferidos de local, de acordo com a demanda, ou seja, podem ser ampliados de forma gradual. É um sistema “plug & play” – basta acoplar o equipamento à estação de tratamento e iniciar a produção da água de reúso. O investimento será de R$ 41,87 milhões para a instalação de dez contêineres, cada um com capacidade para produzir 20 litros por segundo. Os primeiros serão colocados na estação de tratamento de esgoto Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo.

2) Uso da casca de coco para eliminar o mau cheiro do esgoto

Casca de coco, brita e turfa dentro de um contêiner. Essa solução simples e inovadora é a novidade criada pela Sabesp para eliminar o mau cheiro do esgoto nas estações de bombeamento e de tratamento. Isso porque, dentro do equipamento, bactérias transformam o gás sulfídrico (um dos principais responsáveis pelo odor de ovo podre) em outros gases sem cheiro.

A iniciativa foi testada desde 2013 em um protótipo instalado na estação de tratamento de esgoto São Miguel, na zona leste de São Paulo. O resultado foi excelente: os vizinhos da estação pararam de conviver com o mau cheiro; a manutenção do equipamento foi mínima, com uma vistoria a cada 15 dias; não houve uso de produtos químicos nem geração de resíduos tóxicos, apenas o borrifamento de água para manter o ambiente úmido, o que favorece o trabalho das bactérias. Além disso, a solução utiliza produtos fáceis de obter, como a casca de coco. As outras alternativas existentes para eliminar o odor do esgoto são caras, apresentam corrosão rápida e utilizam produtos químicos.

O sucesso do protótipo fez a Sabesp pedir o registro de patente para a tecnologia. Com o financiamento da Finep, de R$ 7,1 milhões, outros contêineres de grande porte serão instalados em duas das mais importantes estações de bombeamento de esgoto da capital: a Pinheiros, que fica dentro da sede da Sabesp, e a Pomar (que fica ao lado da estação Vila Olímpia da CPTM, da ciclovia da marginal Pinheiros e da avenida dos Bandeirantes). O protótipo criado em 2013 está em operação na cidade de Campos do Jordão.

3) Superaquecimento para transformar o lodo do esgoto em asfalto

O processo de tratamento do esgoto tem três produtos finais. Um é o chamado efluente, que nada mais é do que um líquido despoluído, que pode ser devolvido aos rios. O segundo é um gás. O outro é o lodo, um composto que reúne as impurezas removidas, mas que ainda possui muita água. Esse lodo passa hoje por um processo de secagem e depois é enviado para um aterro sanitário, gerando gastos com transporte e pagamento pelo depósito do material.

A Sabesp criou um projeto para eliminar o lodo: vai superaquecê-lo com o uso de plasma, a mais de 1.400ºC. Com isso, quase todo o composto será transformado em gases não poluentes. Apenas 2% do volume inicial continuará sólido, porém transformado em um produto inerte, uma espécie de cascalho vitrificado, que poderá ser usado na construção civil, na preparação do asfalto ou de calçadas e até na indústria de cerâmica.

Para fazer essa transformação, a Sabesp utilizará um equipamento chamado tocha de plasma, que se assemelha a um propulsor de foguete. Esse equipamento foi desenvolvido por pesquisadores brasileiros do setor aeronáutico. A máquina será instalada na estação de tratamento de esgoto Barueri, a maior da América Latina, e vai eliminar inicialmente 15 toneladas de lodo por dia. Os gases produzidos pelo aquecimento do lodo serão utilizados inclusive para gerar a energia necessária para alimentar a tocha de plasma ou para mover os equipamentos da estação de tratamento. O investimento será de R$ 10,35 milhões e será uma solução inovadora para grandes unidades de tratamento de esgoto, como as da Grande São Paulo.

4) Uso da luz solar para secar o lodo de esgoto

Com o mesmo objetivo de reduzir o lodo gerado pelo tratamento de esgoto, porém em estações de menor volume, a Sabesp vai utilizar a luz solar para secar esses resíduos e diminuir o impacto ambiental e o volume gerado. Para isso, a Sabesp já montou uma estrutura na estação de Franca, no interior paulista. O lodo será colocado em uma espécie de estufa para secagem. Uma máquina vai revirar o lodo de tempos em tempos, fazendo com que ele fique exposto ao sol.

Hoje, a estação de tratamento de esgoto de Franca produz 60 toneladas de lodo por dia, dos quais 80% são umidade. A estimativa é que isso caia para 17 toneladas por dia, com 30% de umidade. Ou seja, um volume muito menor de resíduos para ser transportado até o aterro sanitário.

Outra vantagem: o investimento será de R$ 1,02 milhão; no entanto, a economia estimada com o transporte do lodo e o pagamento do aterro sanitário será de R$ 580 mil. Ou seja, em menos de dois anos o investimento estará pago.

Mais informações:
Sabesp – Assessoria de Comunicação
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