Atividade física pode baratear tratamento de diabetes

Estudo realizado na Unesp indica que paciente sedentário custa até R$ 3 mil a mais por ano

qua, 23/05/2012 - 9h13 | Do Portal do Governo

A prática de atividades físicas proporciona economia no tratamento de diabetes mellitus tipo 2. É o que afirma uma pesquisa realizada em parceria pelos campi da Unesp de Bauru e Rio Claro. De acordo com o estudo, um paciente sedentário portador da doença acarreta aos cofres públicos um gasto extra da ordem de R$ 3 mil anuais.

A pesquisa, intitulada “Prática de atividades físicas e custo do tratamento ambulatorial de diabéticos tipo 2 atendidos em unidade básica de saúde”, foi tema da dissertação de mestrado de Jamile Sanches Codogno, defendida no Instituto de Biociências, Campus de Rio Claro. A orientação é de Henrique Luiz Monteiro, professor da Faculdade de Ciências, Campus de Bauru. Atualmente, Jamile é doutoranda do mesmo programa.

O trabalho foi realizado na cidade de Bauru e observou as diferenças nos valores destinados aos procedimentos de saúde para o tratamento de pacientes diabéticos tipo 2 classificados em diferentes níveis de atividade física habitual. 121 portadores da doença foram avaliados em duas unidades básicas de saúde. O perfil de atividade física foi medido por meio de entrevistas, que questionavam os pacientes sobre hábitos mantidos um ano atrás em relação ao dia da avaliação. E baseado em notas fiscais, foram computados valores de exames, medicamentos e consultas médicas e de enfermagem.

O resultado mostrou que, quando comparados aos diabéticos ativos, os sedentários apresentaram gastos com consultas em clínico-geral 63% superiores. A soma de procedimentos médicos e de enfermagem destinados a eles equivalia a R$ 3 mil anuais a mais, por cabeça. Eles também tinham mais custos com o tratamento de outras doenças, cerca de R$ 1 mil a mais, cada.

Segundo Jamile, a pesquisa já foi ampliada e hoje é feita com cerca de mil pacientes em unidades básicas de saúde de todas as regiões de Bauru. “Buscamos novas análises e novas estimativas, pois, desta vez, não escolhemos uma doença específica; o paciente pode ser hipertenso e não diabético, por exemplo”, detalha.

Outras doenças

A pesquisadora destaca que não foi especificado o tipo de atividade física. Ela poderia ser de lazer, como as caminhadas, ou esportiva, orientada por profissionais, como nas academias. E podia ser também habitual, o que envolve tudo o que a pessoa realiza em 24 horas, inclusive a atividade ocupacional, que se faz no trabalho ou em casa.

“Analisamos os pacientes que tomam todos os tipos de medicamentos, tanto os diabéticos tipo 2, como os que tinham também hipertensão. Todo medicamento contínuo foi pesquisado”, explica Jamile.

O professor Henrique Luiz Monteiro diz que os hipertensos ativos tomam mais drogas para pressão e menos para outras doenças, como antibióticos e antiinflamatórios ou que estejam associadas a outras patologias. “Esse tipo de paciente adquire uma consciência da necessidade de se cuidar e tem a tendência de aumentar as práticas de atividades físicas e, consequentemente, de diminuir a dosagem de remédios ao longo do tempo”, destaca Henrique.

Educação física no posto

Henrique salienta que o tratamento completo para diabetes é disponibilizado gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “Demonstramos, em artigo científico, que é possível para o SUS contratar um profissional de Educação Física porque este custo seria pago pela economia gerada por pacientes ativos, que demandariam menos remédios e exames”, ressalta Henrique.

A Política Nacional de Promoção da Saúde prevê o incremento de práticas de atividade física, inclusive com a contratação de profissional de Educação Física, mas quem deve tomar essa iniciativa são os dirigentes locais. “Em todos os postos que observamos, não tivemos conhecimento da atuação de nenhum profissional da área de Educação Física, infelizmente”, lamenta Jamile.

Da Faculdade de Ciências da Unesp