Arquivos do DEOPS: Veja como consultar o acervo

Entre fichas, prontuários, dossiês, textos acadêmicos e legislativos, o acervo tem uma parte significativa da história recente do país

sex, 29/03/2013 - 18h23 | Do Portal do Governo

Todas as 39.996 fichas provenientes da Delegacia de Ordem Política e Social de Santos descobertas em 2010 já foram digitalizadas e estão sendo publicadas na Internet, juntamente com 12.874 prontuários – praticamente a totalidade do acervo. Na Série Dossiês do Departamento de Comunicação Social (DCS), todas as 52.194 fichas remissivas, referentes a indivíduos, também foram digitalizadas e publicadas. Mais 181.945 fichas da Série Prontuários do DEOPS de São Paulo referentes a pessoas e assuntos, também vão para o site do Arquivo Público do Estado de São Paulo. E outras iniciativas para tratar o restante do acervo, como aquela financiada pelo Edital 3 do projeto Marcas da Memória do Ministério da Justiça, já estão em andamento.

Na parte de Pesquisa, a página apresenta um formulário para consulta de fichas e prontuários. Ali é possível fazer a procura por nome, o que pode render várias surpresas. Por exemplo, o sobrenome “Fleury” dá acesso a informações sobre um dos principais arquitetos da repressão, o delegado Sérgio Paranhos Fleury. Mas também pode levar à ficha de Carlos Eduardo Pires Fleury, integrante da Vanguarda Popular Revolucionária. Ele foi trocado em 1970 pelo embaixador alemão, seguindo para a Argélia e depois Cuba, segundo seu prontuário. Em 1971, aos 26 anos, tendo voltado ao Brasil, morreu em confronto com a polícia.

Quando a busca por nome falhar pode-se tentar por assunto. Um exemplo: com a palavra “Saúde” pode-se descobrir as atividades da Associação dos Servidores da Secretaria da Saúde, que o DEOPS investigou; consultar a ficha de um Centro de Saúde localizado na Vila Carrão, bairro da zona leste de São Paulo; ou simplesmente de um cidadão chamado Bensaúde.

Outro campo é “Organização Social” onde é possível especificar em que organização, movimento ou entidade a pessoa fazia política. Por exemplo, a palavra “Pastoral”, pode levar à Pastoral da Juventude, Universitária ou Operária – organizações da Igreja Católica onde várias pessoas de esquerda atuavam. Vários nomes podem aparecer a partir dessa palavra.

Mergulho na História

Além de uma parte fixa, o site também terá edições temáticas, que serão renovadas periodicamente. A primeira edição traz seis páginas: “O que é o acervo DEOPS”, sobre o caráter da documentação; “Mapeando os arquivos da repressão”, sobre o sistema arquivístico do órgão; “Transferência e Abertura do Acervo”, que mostra por onde passou essa documentação e a luta da sociedade civil para que fosse aberta à população; “Arquivo e Reparação”, que tem como assunto a reparação judicial das vítimas da ditadura; “Trabalhos Educativos”, que discorre principalmente sobre o projeto Conhecendo o DEOPS, atividade didática promovida em conjunto pelo Núcleo de Ação Educativa do Arquivo Público do Estado de São Paulo e pelo Memorial da Resistência; e “Pesquisando o DEOPS/SP”, que mostra a estruturação do Banco de Dados do PROIN (Projeto Integrado do Arquivo Público e da Universidade de São Paulo), referente ao Fundo, além de outros trabalhos realizados tendo como base a Série Dossiês do DEOPS.

Uma visita ao site promete muito mais do que a simples abertura virtual da gaveta de um arquivo. Entre fichas, prontuários, dossiês, textos acadêmicos e legislativos, o acervo tem uma parte significativa da história recente do país, que pode ser recuperada por qualquer um – protagonistas da história, estudiosos, ou simples cidadãos.

Veja exemplos de documentos digitalizados:

Prontuário do ex-jogador Pelé (Edson Arantes do Nascimento)

Prontuário do escritor Ignácio de Loyola Brandão

Dossiê sobre a “Semana Monteiro Lobato”