Arquivo Público inicia processo de restauro do jornal abolicionista ‘A Redempção’

Exemplares de 1887 e 1888 vieram do IHGSP, fragilizados e em pedaços; montagem dos fragmentos durou cerca de um mês

seg, 13/01/2014 - 17h41 | Do Portal do Governo

A equipe técnica do Núcleo de Conservação do Arquivo Público do Estado de São Paulo iniciou o tratamento de restauro dos únicos exemplares conhecidos do jornal abolicionista ‘A Redempção’. O jornal era impresso em uma tipografia localizada na Confraria da Nossa Senhora dos Remédios, da qual o redator chefe, Dr. Antônio Bento, foi provedor.

Ele liderava o movimento abolicionista dos ‘caifazes’, grupo clandestino que promovia ações de resgate de escravos, escondendo e contrabandeando-os para lugares mais seguros, como o quilombo do Jabaquara, em Santos. O grupo tinha centenas de participantes, de todas as classes sociais.

O jornal circulou em São Paulo de 2 de janeiro de 1887 até a promulgação da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. ‘A Redempção’ foi um jornal combativo, de cunho manifestamente popular, sempre repleto de ataques a fazendeiros, políticos e a outros jornais que defendiam a instituição escravista. Pelo seu papel na luta contra os escravocratas, o periódico tornou-se uma fonte valiosa para os historiadores e ferramenta para a pesquisa do processo de abolição em São Paulo. Ainda assim, devido a sua raridade e precariedade, o jornal permanece pouco estudado.

Os exemplares sob a guarda do Arquivo Público do Estado vieram do IHGSP (Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo), fragilizados e em pedaços. O trabalho de montagem dos fragmentos do jornal consumiu um mês de trabalho contínuo, com a ajuda de pinças e cópias de microfilme dos exemplares existentes na Biblioteca Lamont da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Nesse trabalho, foram descobertos sete exemplares que se imaginavam perdidos, formando uma coleção de 132 números do jornal. Pelo que se sabe, foram editados 138 edições no período.

O trabalho que está sendo feito nos exemplares do ‘A Redempção’ precisa passar ainda por um banho para diminuir a acidez do papel e, posteriormente, de pequenos reparos e velatura, utilizando folhas de papel japonês. Após o restauro, os exemplares serão digitalizados em alta resolução e disponibilizados ao público nas páginas do site do Arquivo Público.

A apresentação do periódico contará com textos da professora Dra. Maria Helena Machado, da USP, especialista do tema da Abolição e de Alexandre Otsuka, que vem estudando essa fonte excepcional para a história do movimento abolicionista no Brasil.

Do Arquivo Público do Estado