Alckmin se reúne com cientistas dos centros de pesquisa da vacina da dengue e anuncia testes clínicos em mais quatro Estados

Pesquisa já acontece em dez centros de pesquisa do país e envolverá 17 mil voluntários

seg, 19/09/2016 - 13h03 | Do Portal do Governo

O governador Geraldo Alckmin se reuniu, nesta segunda-feira, 19, com cientistas que trabalham nos testes clínicos da vacina da dengue desenvolvidos em dez centros de pesquisa, em todas as regiões do país. No encontro, realizado no Instituto Butantan, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, Alckmin anunciou o cronograma de início dos testes clínicos da primeira vacina brasileira contra a dengue em mais quatro estados do país.

“Hoje estamos enfrentando este grande desafio, são anos de estudo. Última fase da 1° vacina do mundo tetravalente com dose única e contra quatro tipos de vírus, com altíssimo índice de proteção. Estamos muito otimistas”, comemorou o governador.

Os ensaios clínicos começam no dia 5 de outubro em Brasília (DF) e Cuiabá (MT) e no dia 19 de outubro em Recife (PE) e Belo Horizonte (MG). Os testes já começaram em dez centros de pesquisa e envolverão 17 mil voluntários em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil (confira abaixo a relação dos centros de pesquisa). São convidadas a participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a eficácia da proteção oferecida pela vacina.

A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), é produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos.

“Com os vírus vivos, a resposta imunológica tende a ser mais forte, mas, como estão enfraquecidos, eles não têm potencial para provocar a doença. A vacina deve proteger contra os quatro sorotipos da dengue com uma única dose”, explica o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem o participante saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença.

Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz.

O anúncio das datas de início dos testes clínicos nos quatro Estados foi feito pelo governador Geraldo Alckmin durante a abertura da reunião do Instituto Butantan com os 14 centros de pesquisa do país que estão conduzindo os ensaios clínicos da vacina contra a dengue.

Nova fábrica

A futura fábrica de vacinas do Instituto Butantan possuirá uma ampla plataforma de produção, que poderá incluir vacinas contra a raiva, dengue e zika vírus, entre outras.

A fábrica possui 3 mil m² e foi planejada para a produção de até 100 milhões de doses de produto concentrado (bulk) e até 30 milhões de doses de vacina contra a dengue por ano. A unidade realizará todas as etapas de produção de uma vacina: produção viral em célula, purificação, filtração, formulação, envase, liofilização e embalagem.

Os investimentos na nova planta são de R$ 110 milhões, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

Histórico da vacina contra a dengue

Em 2008, o Instituto Butantan firmou parceria de colaboração com o NIH, passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina similar a uma das estudadas pelo instituto americano, composta pelos quatro tipos de vírus da dengue.

Um dos grandes avanços do Butantan no desenvolvimento da vacina foi a formulação liofilizada (em pó), que garante a estabilidade necessária para manter os vírus vivos em temperaturas não tão frias, permitindo seu armazenamento em sistemas de refrigeração comum, como geladeiras, além de aumentar o período de validade da vacina (um ano).

Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos Estados Unidos pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (através do Hospital das Clínicas e do Instituto da Criança) e com o Instituto Adolfo Lutz.

Ter a vacina desenvolvida e produzida por um produtor público nacional é uma vantagem competitiva para o Brasil, pois garante a disponibilidade do produto, permitindo a autossuficiência produtiva, além de garantir preços mais acessíveis.

Confira a lista dos centros de pesquisa:

REGIÃO NORTE

Manaus (AM) – Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado
Porto Velho (RO) – Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia
Boa Vista (RR) – Universidade Federal de Roraima

REGIÃO NORDESTE

Aracaju (SE) – Universidade Federal de Sergipe
Recife (PE) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz Pernambuco
Fortaleza (CE) – Universidade Federal do Ceará

REGIÃO CENTRO-OESTE

Brasília (DF) – Universidade de Brasília
Cuiabá (MT) – Universidade Federal do Mato Grosso
Campo Grande (MS) – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

REGIÃO SUDESTE

São Paulo (SP) – Faculdade de Medicina da USP / Santa Casa de Misericórdia
São José do Rio Preto (SP) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Belo Horizonte (MG) – Universidade Federal de Minas Gerais

REGIÃO SUL

Porto Alegre (RS) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Da Secretaria da Saúde