Identidade e cidadania para a comunidade

A iniciativa conta com o apoio institucional do programa Ciência na Unesp e da prefeitura

ter, 26/06/2007 - 14h26 | Do Portal do Governo

Além da criação do museu, os trabalhos realizados pela pesquisadora e sua equipe resultaram na criação, em 2001, do projeto de extensão Museu/Universidade: Patrimônio Cultural, no Departamento de Planejamento, Urbanismo e Ambiente, da FCT da Unesp de Presidente Prudente, sob a coordenação da professora Neide Barrocá Faccio desde o início. A iniciativa conta com o apoio institucional do programa Ciência na Unesp e da prefeitura. Tem por objetivo levar à comunidade a noção de identidade e cidadania a partir do conhecimento do patrimônio cultural. A proposta prevê atividades de extensão nas áreas de Arqueologia, Etnologia e História do Estado de São Paulo, mais especificamente do Oeste Paulista. Estão direcionadas para o atendimento do público, no Museu de Arqueologia de Iepê, na FCT e nas escolas públicas de Iepê e cidades circunvizinhas.

“Ao propiciar o intercâmbio e resguardar o patrimônio cultural das comunidades pré-coloniais, o museu cumpre seu papel de mantenedor da memória de um povo e de interlocutor do conhecimento produzido na universidade”, afirma a arqueóloga. Segundo ela, o projeto empenha-se em fazer com que o espaço seja atraente para a comunidade e busca o constante aprimoramento nas formas de transmitir para a população o significado e a importância do que é exposto no MAI.

“Podemos dizer que o principal papel que esse projeto tem cumprido é o de levar à comunidade os resultados das pesquisas produzidas academicamente”, avalia Neide. Como exemplo, cita a formulação de materiais didáticos sobre a cultura indígena destinados a escolas públicas de Iepê e cidades vizinhas e para professores e alunos do ensino fundamental e médio.

Preserve a História e entre na História

O projeto tem iniciativas organizadas para grupos da terceira idade: Uma delas é a oficina de argila em que monitores ensinam a técnica guarani da produção de potes e vasilhas. Essas oficinas são desenvolvidas em escolas para estudantes com o duplo objetivo de ensinar arte e de mostrar, de maneira concreta, que os índios conheciam técnicas bem elaboradas. A arqueóloga ressalta que essas oficinas fazem repensar a visão estereotipada que se tem dos primeiros habitantes das terras brasileiras. “Os alunos percebem que os índios não eram preguiçosos, que fazer um simples potinho é algo que dá trabalho e demora dias”.

Outras ações para o público escolar são exposições itinerantes de peças arqueológicas às escolas, sempre acompanhadas de palestras e oficinas de argila. Também há aulas de campo para professores da rede pública. “Levamos os docentes aos sítios arqueológicos, depois de devidamente autorizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), eles atuam como multiplicadores”, explica a pesquisadora. Segundo ela, os professores afirmam que o projeto abriu novas alternativas de trabalho em sala de aula e mostrou novas formas de ensinar a história do índio para seus alunos.

Entre as iniciativas para a comunidade destacam-se as visitas monitoradas às instalações do MAI e o projeto Preserve a História e entre na História, cujo objetivo é conseguir a adesão da população para auxiliar na preservação da memória local. A proposta estimula as pessoas que encontram vestígios arqueológicos a avisarem o museu ou a Unesp, sem tirar a peça do local de origem. Cada participante é fotografado com a peça e recebe um certificado com a foto. Uma cópia dos certificados é exposta na galeria de certificados do MAI. Está em andamento campanha de divulgação deste projeto perante a população local com a distribuição de cartazes e panfletos explicando como participar.

Nova técnica de restauro criada pela equipe da Unesp permitiu que fragmentos de vasilhas cerâmicas e vasos, antes guardados nas prateleiras de reservas técnicas de museus, fossem reconstituídos e passassem a contribuir para o conhecimento da história do índio brasileiro. Pelo trabalho, o grupo foi convidado pelo Iphan para restaurar vasilhas na cidade histórica de São Mateus, no Espírito Santo, e ensinar aos meninos carentes o trabalho. A publicação da revista anual Um Pouco da Nossa História, que nas três primeiras edições relatou A História de Iepê, A História dos Guaranis e A História dos Kaigangues (índios que estiveram na região por volta do século 17) é outra derivação de todo o achado arqueológico. Seus autores e editores, os alunos da Unesp, estão pautando a próxima edição.

Sirlaine Aiala

Da Agência Imprensa Oficial