Violência: CPTM perdeu R$ 5,5 milhões com atos de vandalismo só em 2001

Além do prejuízo financeiro, vandalismo também faz vítimas

ter, 16/04/2002 - 18h22 | Do Portal do Governo

Maria das Mercês Martins Alves, 37 anos, foi atingida por uma pedra no rosto quando viajava em uma composição da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na manhã de ontem, 15 de abril. Junto com Wilson Cassiano Bezerra, que recebeu uma pedrada na testa, ela engrossa as estatísticas da empresa de vítimas do vandalismo, registradas apenas nesta semana.

Os vândalos nesses casos agem durante a passagem dos trens, ao longo dos 270 quilômetros de vias da CPTM, o que praticamente inviabiliza o flagrante. Durante os três primeiros meses de 2002, a companhia já contabilizou 31 vítimas, em 202 casos de vandalismo registrados. No mesmo período em 2001 foram somadas 26 vítimas e 266 casos de vandalismo contra janelas. Já o acumulado de 2001 registrou 112 vítimas e 1.829 casos de vandalismo.

CPTM perdeu R$ 5,5 milhões com atos de vandalismo

A CPTM perde dinheiro com o vandalismo. Durante o ano de 2001, a Companhia gastou mais de R$ 5,5 milhões somente com ocorrências de vandalismo contra portas, janelas e furto de fios, nos seus 270 km de ferrovia.

No caso de vandalismo contra janelas, o trem é retirado de circulação quando detectado furto ou alguma avaria grave, até que o conserto seja realizado. Dependendo do problema, a reposição pode levar três horas ou três dias e, neste segundo caso, o reflexo significa um número menor de composições à disposição da operação comercial.

Assim como o roubo de fios, o vandalismo contra janelas tem sido motivo de preocupação para a área de manutenção da CPTM. Com as 1.829 ocorrências registradas no ano passado, foram gastos R$ 2.139.954,00, sendo que R$ 1.150 milhão somente na troca dos vidros das janelas do trem espanhol modernizado, que circula nas linhas C e D.

Ainda no ano passado foram registrados, no período, 217 furtos de fios, num total de 31,5 quilômetros. As linhas E (Brás-Estudantes) e F (Brás-Calmon Viana), na zona leste, aparecem entre as mais afetadas. Os prejuízos diretos chegaram a R$ 2 milhões, porém uma análise mais ampla das conseqüências desse delito apontaria números maiores.

É que, com o furto de fios, o sistema de sinalização fica bloqueado no Centro de Controle Operacional da CPTM, como se houvesse um trem naquele trecho. Por causa dessa ‘falsa ocupação’, os controladores de tráfego têm de checar, via rádio, todas as composições em circulação para se certificar da localização exata de cada uma. Enquanto o serviço é realizado, os trens são obrigados a circular em velocidade reduzida, provocando atraso nas viagens.

Já o prejuízo contra mecanismos de portas chegou a R$ 1 milhão no ano passado. Somados, os danos contra as portas e janelas dos trens aparecem como os principais na lista das ocorrências de vandalismo registradas pela empresa. São cerca de 700 ocorrências mensais e um gasto médio de R$ 300 mil para o conserto ou reposição de peças.