USP: Visão 2020 detecta problemas de visão para evitar casos de cegueira

Projeto, mundial, será desenvolvido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

qui, 11/08/2005 - 17h39 | Do Portal do Governo

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCRP) da USP vai participar de um projeto mundial de controle da cegueira. A iniciativa, chamada de Visão 2020, pretende identificar as principais causas, medidas de prevenção e tratamento e treinar pessoal para apoiar e manter essas estratégias. O objetivo é reduzir o aumento do número de pessoas cegas nos próximos 15 anos.

O projeto foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Internacional de Prevenção de Cegueira (IAPB). ‘A IAPB convidou cinco centros de oftalmologia no Brasil para participar do Visão 2020’, explica Eduardo Melani Rocha, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). ‘Além do HCRP participarão hospitais de Goiânia, Recife, Curitiba e Campinas, organizações não-governamentais e instituições privadas.’

Na região de Ribeirão Preto, uma equipe de 60 pessoas irá detectar as principais causas de déficit na visão e como reduzi-las. ‘Cada problema tem uma peculiaridade, nas pré-escolas há necessidade de fazer testes de acuidade visual e fornecer óculos para crianças com baixa visão e nos idosos é preciso reduzir a cegueira por catarata com cirurgia’, diz Rocha.

Prevenção

A equipe do HCRP também priorizará campanhas de prevenção e cirurgias com diabéticos e dará continuidade ao acompanhamento oftalmológico de bebês prematuros. ‘Nestas crianças, pode ocorrer retinopatia por prematuridade, levando a cegueira’, alerta o professor. ‘Também será feito um trabalho de prevenção da toxoplasmose, sugerindo mudanças nos hábitos de higiene e alimentação, pois o parasita se abriga na retina, reduzindo a visão.’

De acordo com Rocha, existem cerca de 60 milhões de cegos em todo o mundo, e no Brasil eles representam cerca de 2% da população. ‘O crescimento dos níveis de cegueira é semelhante ao aumento da população do planeta, e tende a subir com o avanço da expectativa de vida’, aponta. ‘O problema é maior em regiões pobres, por isso o projeto pretende tornar as tecnologias de diagnóstico e tratamento mais acessíveis e treinar agentes de saúde para lidar com estratégias de prevenção.’

O professor lembra que o nome do projeto também faz referência ao índice internacional de acuidade visual, que coloca o nível 20/20 como indicador de boa visão. ‘A iniciativa é de médio prazo, mas já em 2006 deverão ser realizados os primeiros trabalhos com a população’, calcula. ‘Em outubro, as instituições envolvidas irão definir projetos específicos para obtenção de recursos e patrocínios.’

Da Agência USP

J.C.