Um estudo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) mostra que 15% do ozônio, presente no ar da região metropolitana, pode ser formado a partir de compostos emitidos pela vegetação. O ozônio é conhecido por proteger a saúde humana dos raios ultravioleta, porém é um dos maiores poluentes da atmosfera, tem forte ação corrosiva e reduz a vida útil dos materiais.
O contato das pessoas com a substância provoca sintomas como irritação nos olhos, nariz, garganta, envelhecimento precoce da pele, tosse, dor de cabeça, náuseas, cansaço, baixa imunológica, agravo em doenças respiratórias e pode estar relacionado ao câncer de pulmão.
A pesquisa foi coordenada pela mestranda Leila Martins e ainda não traz resultados definitivos, mas permite concluir que a emissão das plantas deve ser considerada. Para a estudiosa, a população não deve, porém, considerar a vegetação como nociva. “Os automóveis produzem muito mais gases poluentes do que as plantas e quase todo o óxido de nitrogênio necessário para a reação de formação do ozônio”, explica.
As fontes
O ozônio praticamente não tem emissores diretos. A formação dele resulta da reação de hidrocarbonetos voláteis emitidos pela vegetação e da queima e evaporação de combustíveis.
A pesquisadora utilizou um modelo matemático para calcular a sua produção. Considerou como variáveis a composição do ar, as reações químicas que ocorrem na natureza e as condições atmosféricas. O primeiro experimento avaliou apenas os hidrocarbonetos provenientes dos automóveis. Depois, a reação foi repetida considerando também os gases emitidos pela vegetação. O resultado apontou aumento na quantidade final de ozônio, considerando gases de origem vegetal e de veículos.
Para efeito de comparação, a pesquisa do IAG obteve resultados próximos aos obtidos pelas estações de avaliação de ozônio da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), na região metropolitana.
Reações complexas
Para a professora Maria de Fátima Andrade, coordenadora de um grupo de pesquisa sobre poluição do ar no IAG, os estudos sobre a ação do ozônio no Brasil precisam ser mais desenvolvidos. “Não adianta diminuirmos apenas a emissão dos óxidos de nitrogênio, ou mexer em um fator só, porque as reações são muito complexas e o resultado pode ser outro”, alerta.
“A produção de ozônio depende de todo um equilíbrio, porque cada hidrocarboneto tem um potencial de formação, e isso tudo muda com o vento, topografia e radiação solar. Temos combustíveis, frota e condições atmosféricas específicas, então precisamos descobrir exatamente onde mexer, sem copiar modelos estrangeiros”, finaliza.
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